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Rio 2016

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18/07/2016 7h14

Atualizada 17/07/2016 17h17

Sábado, por volta de 18h, Rio de Janeiro. Minha caixa de e-mails começa a receber (parece que foi combinado) mensagens de vários países. São colegas, jornalistas, que estarão (ou não) na Cidade Maravilhosa para os Jogos Olímpicos.

A razão, claro, as imagens e notícias que correram o mundo do tiroteio (mais um) na Linha Vermelha, uma das principais vias de circulação da cidade, caminho para um dos polos de competições da Olimpíada, saída do aeroporto internacional para quem chega ao Rio de Janeiro.

O que dizer? Que explicação? Mentir, dizendo que não haverá problema algum? Falar que deve ser procurada uma “solução negociada” com os bandidos, evitando ataques durante a realização dos Jogos? Desaconselhar a que venham? Complicado…
Na noite de quinta-feira (19h20, para ser bem preciso), voltando do trabalho para casa, ou melhor, saindo do trabalho e indo a uma reunião (esportiva), num clube da zona Sul do Rio de Janeiro, encarei, como sempre, desagradável engarrafamento na Avenida Presidente Vargas.

O trânsito fica ainda mais complicado na área da Central do Brasil (onde há metrô, trem e ônibus). A meu lado, o amigo que dirige percebe a movimentação de diversos pivetes. Dois deles se encaminham para nosso carro. Um para ao lado do motorista e diz, ameaçadoramente, “abre, abre…”.

O motorista, enorme, mais de dois metros de altura, finge que vai tirar algo (uma arma) da cintura e ameaça a quem o ameaçava. Os dois pivetes saem correndo, sendo imitados por outros que estão por perto. Complicado…
O Rio de Janeiro, a menos de 20 dias dos Jogos Olímpicos, está assim. Apesar de discordar do “sincericídio” do prefeito, tenho de concordar com ele. A segurança pública está horrível. Dá medo circular na zona Norte, no subúrbio, na Barra da Tijuca, em Copacabana… E não precisam me questionar se é à noite ou de madrugada. É durante todo o dia.

Dá tempo de consertar? Sinceramente, não. A única esperança, agora, é rezar. Muito. O que deveria ter sido feito (e aí incluo a questão da infraestrutura da cidade) não o foi. Obras não terminaram; as que terminaram já precisam de reparos; as que foram reparadas deveriam ser demolidas… E na área da segurança… Complicado.
Mas os Jogos irão acontecer. Como aconteceu a Copa do Mundo. E deu tudo certo, com exceção de muitos assaltos, problemas de tráfego, obras superfaturadas… Exatamente como veremos na Olimpíada. É uma pena. Perdemos o trem da história.

O que poderia ser um enorme ganho para o Rio de Janeiro, para o Brasil, pode se transformar num grande mico. Deus queira que não. Acredito até que não. Quem acompanha um evento esportivo deste porte sabe que problemas acontecem. E a insegurança mundial, que pena, vai até ajudar: se passarmos pelos Jogos sem atentados todos ficarão felizes.

Creditarão assaltos, problemas de tráfego e superfaturamentos a hábitos de grandes cidades. Uma pena, repito. Poderíamos sair da Olimpíada como Barcelona. Acredito que saiamos como Atenas.
Barbárie
E para que não digam que as coisas que possam vir a acontecer são decorrentes dos Jogos…

Sábado, na Ilha do Governador, jogaram Flamengo e Botafogo. Uma boa partida de futebol, apesar do pequeno público (menos de dez mil pagantes – mas o estádio não comportaria muito mais).

Horas antes, porém, o jogo já estava manchado: marginais, travestidos de torcedores, se organizaram para brigar, no subúrbio do Rio de Janeiro. Infelizmente uma pessoa foi morta, agredida (torcedor do Botafogo).

Dois torcedores do Flamengo foram presos. No fim do jogo, aquela velha história de fazer uma torcida esperar para sair. O que deveria ser um evento de lazer (vi muitas crianças no estádio) acaba se transformando em tensão, preocupação. Felizmente não vi problemas no velho Luso Brasileiro, “rebatizado” Arena Botafogo (aliás, como o Botafogo gosta de mudar o nome de estádios…).

Exceção, claro, a tênis, copos, pilhas e outros objetos arremessados no gramado. Teve até torcedor “dedurado” e detido. Mas a morte ocorrida horas antes ninguém apagará. É mais uma demonstração do clima de barbárie que vivemos na selva urbana atualmente.

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