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Histórias da Bola
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Questão de gosto

Arquivo Geral

15/01/2017 17h38

Tite no Corinthians. Dorival Junior no Santos. Telê Santana, saudoso, no São Paulo. Rubens Minelli no Internacional. Alguns treinadores criam identificação tal com um clube que, basta que seus nomes sejam citados que a torcida fica feliz. Ou ao menos esperançosa. Com Abel e o Fluminense acontece isso. Depois de Muricy Ramalho, que quebrou o jejum tricolor de títulos nacionais, ou melhor, de títulos em campeonatos brasileiros, em 2010, Abel conduziu o tricolor a nova conquista, em 2012. E sempre se mostrou feliz por estar nas Laranjeiras. Iniciou lá sua carreira, por exemplo.

Abel está de volta ao Fluminense. Pediu reforços, ainda não recebeu. A situação financeira do tricolor carioca não é boa – como, aliás, na maioria dos clubes brasileiros. Só que nestas horas Abel “se veste” de tricolor e assume outras funções que não apenas de treinador. Na noite de sexta-feira, questionado sobre a falta de reforços, foi sincero – e detonou, sem dizer o nome, um potencial jogador que não aceitou ir para o Fluminense. Curto e grosso, afirmou que o pretendido trocara “um BMW por um Fusca”, em alusão direta à opção feita pelo jogador. De quebra, ainda mandou um recado para o “craque”, afirmando que seu empresário não pensava na carreira dele, mas apenas no dinheiro que poderia receber. E ficou nisso.

A defesa institucional feita por Abel deveria servir de exemplo para alguns (muitos) cartolas. No momento em que se transformam em dirigentes, obviamente devem cumprir as chamadas determinações legais: pagar salários, recolher impostos, ter um relacionamento profissional. Profissional. Esquecer que o jogador pode ter sido ídolo. Agora é empregado do clube. E fim de papo. Críticas feitas, sem justiça ou razão, devem ser imediatamente rebatidas. O clube precisa ser defendido, mesmo sem que seja citado o nome de quem prefere um Fusca a um BMW…
Sim ou não?

Essa possível contratação de Drogba pelo Corinthians, guardadas as devidas proporções, me lembra a vinda de Seedorf para o Botafogo. Digo que são necessárias algumas salvaguardas porque ao contrário de Seedorf, Drogba chega (chegará) depois de o diretor de futebol dizer que não sabia de nada (nem o desejava); voltar atrás e falar em estratégia de marketing; e, principalmente, o próprio Corinthians negar-se, afinal de contas há tempos os cartolas do Parque São Jorge falam que não têm dinheiro e agora partem para a contratação milionária de um veterano – fará 39 nos daqui a dois meses.

É óbvio que Drogba alavanca a venda de camisas. Estimula a presença de torcedores no estádio. Impõe respeito a adversários. Mexe com a autoestima do torcedor. Mas… Como se sentirão os jogadores que atravessaram todo o ano passado convivendo com incertezas com relação ao salário, que viram vários companheiros irem embora para tentar colocar dinheiro na casa, sofreram com a desmontagem do time que fora campeão brasileiro?

Parece óbvio que a contratação mexerá com o time. E principalmente com a torcida. Os rivais também sentirão. Resta saber se, como Seedorf, Drogba irá conduzir o Timão e provar que não vem ao Brasil apenas para passar férias e ganhar uma grana. Seedorf, como falei, queimou minha língua e jogou muito. Deixou saudades. Veremos como fará Drogba. E como reagirão cartolas e futuros companheiros.

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