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Brasília

Povão triste

Arquivo Geral

06/11/2016 14h05

Claro que, com a chamada “combinação de resultados”, os resultados podem não ter sido assim tão ruins, mas a grande verdade é que tanto os torcedores do Flamengo quanto os do Corinthians têm direito de reclamar dos clássicos regionais realizados ontem, pelo Brasileiro. Se no Rio de Janeiro Flamengo e Botafogo ficaram num insosso 0 a 0, o que teoricamente afasta ainda mais o rubro-negro da luta pelo título, em São Paulo o tricolor deitou e rolou em cima do Corinthians, praticamente livrando-se do fantasma do rebaixamento e deixando seu adversário em situação complicada para chegar ao G-6 e à Libertadores. Nos dois casos, porém, a demonstração de força das torcidas mandantes, com estádios cheios (não lotados). Foi o que de melhor aconteceu.

Boa na boa

E o Boa Esporte Clube, um ano depois de ser rebaixado, está de volta à Série B do Brasileiro. Ontem, em Varginha (MG), o tricolor mineiro passou sem problemas pelo Guarani e garantiu o troféu, coroando a melhor campanha da terceira divisão nacional. Curioso que, em 2015, o Boa ficou 16 partidas sem vencer; este ano, fechou a participação com uma invencibilidade de 16 jogos. Resta saber se a diretoria conseguirá manter o time: o Boa disputará a segunda divisão mineira em 2017.

Falência

Passavam das seis da tarde de sexta-feira quando fiquei sabendo da alteração do dia e horário do jogo entre Ponte Preta e Santos – passou da noite de ontem, 21h, em Campinas, para as 11h de hoje, no mesmo Moisés Lucarelli. Dava tempo, certamente, para alterar a citação que fizera na coluna de ontem sobre as três partidas que deveriam ser realizadas sábado, pelo Brasileiro da Série A. Não o fiz. Propositalmente. E não o fiz para “passar a vergonha” de informar incorretamente ao leitor por conta de uma decisão arbitrária e carregada de incompetência da Polícia Militar do estado de São Paulo.
Há tempos critico, aqui, a situação do futebol em São Paulo – refiro-me aos jogos de uma só torcida. A PM demonstra, sempre, sua total incapacidade de promover a ordem pública, de garantir a segurança do cidadão. Sendo bem desagradável, serve para que a polícia de São Paulo? Claro que faço este comparativo me baseando numa coisa simples: o ir e vir de seres humanos para um jogo de futebol.

Voltando à situação: como também informei na coluna, o Guarani, em Varginha (MG), enfrentaria, às 18h45, o Boa Esporte decidindo o título da Série C. Às 21h teríamos o jogo da Ponte Preta. Temendo confrontos nas ruas de Campinas caso o Bugre conquistasse o título e sua galera fosse festejar, a PM pediu à CBF e, não obtendo resposta, foi ao Ministério Público para solicitar adiamento do jogo. Alegou questão de segurança pública, admitiu (a PM) que não teria condições de controlar a festa de uma torcida caso esta se encontrasse com outra a caminho do estádio, ou na saída. Aí, o MP acatou o pedido – outro bando de engravatados que anda com seguranças e não sabe o que é a rua.

Claro que houve prejuízo. Para os dois clubes. A preparação dos jogadores é feita de acordo com horários de atividades. Uma partida à noite é totalmente diferente de um jogo pela manhã. Ainda mais no verão. E nem estou falando da questão financeira. Hotel, alimentação… E o torcedor do Santos que foi a Campinas e não viu a partida porque a mesma foi transferida? E quem estava na cidade, de passagem, e queria curtir um futebol? A Macaca disse que devolverá o dinheiro, mas… E a decepção?
Mais uma vez as “otoridades” atrapalham o futebol. E atrapalham por covardia, por incompetência, por demonstrarem despreparo para sua atividade fim: cuidar do cidadão. É a falência total dos serviços públicos num país que já está falido moral e financeiramente.

Sem tabu

Enquanto no Brasil vemos a PM dar demonstrações diárias de sua falta de condição, pudemos observar, nos Estados Unidos, o que o esporte proporciona em termos de felicidade para uma cidade. O Chicago Cubs conquistou, depois de 108 anos de espera (isso mesmo, o título anterior fora em 1908), o título da MLB, a Major League Baseball, ao derrotar o Cleveland Indians. Já imaginaram passar mais de um século sem levar um troféu para casa?

Pois bem… Como o jogo decisivo foi fora de casa, o prefeito de Chicago prometeu uma grande festa para recepcionar os campeões. E cumpriu. Nada menos do que cinco milhões de pessoas (isso mesmo: cinco milhões de pessoas) foram às ruas de Chicago para, pacificamente e com total controle por parte das autoridades, festejarem a conquista e ver o desfile em carro aberto dos campeões.

Era realmente de emocionar ver vários idosos, nas sacadas e nas ruas, chorando por algo que não esperavam mais que acontecesse: ver o seu time campeão. E não soube, até agora, do registro de nenhuma ocorrência policial – que seria até natural tendo em vista a enorme quantidade de envolvidos. Claro que os defensores dos incompetentes brasileiros isso era fácil por tratar-se de uma única torcida, ao que retruco: conter uma multidão é sempre difícil, mas a polícia de Chicago, ao que parece, deu conta do recado. E todos puderam celebrar o fim do incômodo jejum com muita alegria e sem precisar adiar nada – a cidade funcionou normalmente.

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