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Brasília

Olímpica 23

Arquivo Geral

19/08/2016 11h52

Dúvidas, muitas dúvidas sobre o que falar na abertura da coluna de hoje. Não que as primeiras linhas sejam mais importantes do que as últimas, mas há sempre o risco de o leitor começar a ler, algo diferente chamar-lhe a atenção e… Bem, o resto vocês todos conhecem. Sendo assim, e como ontem à noite, acredito, ele deve ter conseguido mais alguma medalha (não vou dizer a cor porque surpresas acontecem), vou começar falando dele.

Ele que, tendo saído de sua eliminatória não se negou a falar com ninguém, fosse de uma importante emissora de televisão dos Estados Unidos ou uma humildade rádio do interior do Brasil (se é que alguma conseguiu pagar os direitos). Ele que dava adeusinhos para o público da arquibancada, sempre com um sorriso enorme nos lábios. Ele que quando teve a imagem exibida nos telões do Estádio Olímpico acordou um público até então sonolento. Ele que tirou onda e, na reta de chegada, quase chamou para um chocolate o rival canadense – e mesmo assim fez o melhor tempo das eliminatórias. Ele que interrompeu por segundos uma das entrevistas para ver um compatriota e um rival serem eliminados. Ele, ele, ele…

Se o leitor ainda não descobriu quem é ele, peço desculpas, mas você não está de corpo presente no planeta nos últimos dias. Ele é Usain Bolt, o jamaicano que caminha, ou melhor, corre, ou, melhor ainda, voa baixo, para conquistar mais medalhas de ouro nas provas de atletismo e mostrar-se o melhor atleta da modalidade em todos os tempos. Um fenômeno. Um raio. Um ser humano que, pelo menos para consumo externo, só mostra coisas boas (algumas delas já citadas). Um cara que conquistou o público dos Jogos Olímpicos Rio 2016 como já fizera antes em Londres, Pequim… Um jamaicano de bem com a vida, que diz evitar baladas, não beber, comer muitos nuggets e macarrão instantâneo… Um recordista mundial que não se incomoda com vaias, mesmo porque só tem aplausos a recebê-lo por onde quer que passe.

Na noite de quarta-feira, num calor infernal no Estádio Olímpico, ficamos praticamente frente a frente. E, devo dizer, além de um tremendo atleta o cidadão é carismático. Sem um brasileiro para torcer (aí seria demais), a galera ficou com ele. Tanto que muita gente foi embora quando a sua eliminatória terminou. Outro tanto partiu quando terminaram os 200m livres femininos, onde uma compatriota de Bolt levou o ouro, superando a holandesa que tinha enorme torcida organizada.

E se o leitor chegou até aqui, vou falar agora de tristeza. Tristeza de ver a dupla brasileira do vôlei de praia feminino perder o ouro (será que os meninos ganharam ontem à noite, já madrugada de hoje, dos italianos?). Não pela derrota, porque é do jogo. Tristeza pela forma como perderam, sem demonstrar reação, dominadas pelas alemãs que, na modesta opinião do colunista, não são isso tudo, não – vi o jogo delas nas quartas-de-final e digo, sem medo de errar: em outros tempos, nos tempos de Sandra Pires e Jackie Silva, era 2 a 0 para nós com muita, mas muita facilidade. Ficamos com uma prata, apenas, onde, tenho certeza, a conta era de duas medalhas – e uma delas de ouro.

Mas o momento tristeza já passou e vale registrar o belo bronze do nosso canoísta Izaquias, que quando o álbum dos Jogos Olímpicos foi lançado queixou-se, com razão, que não havia uma figurinha sua. Agora, com duas medalhas numa só edição dos Jogos, O paranaense tem todo o direito de não aceitar posar para uma foto se a editora pedir para lançar um complemento ao álbum. E nós, que colecionamos as tais figurinhas, ficaremos sem o registro deste brasileiro que, desde sempre, sabia-se que buscaria pódios para nós. Menos a editora, né? Lamentável.

Encerrando, ou melhor, para provar que o tudo o que foi escrito até agora não tem mais ou menos importância do que as últimas linhas, registrar que o vôlei masculino avançou. Bateu a Argentina, com dificuldades, mas avançou. E agora? Bem, agora é jogar com a faca nos dentes e ir buscar uma medalha, seja ela de que cor for. Tarefa que para o futebol masculino está mais fácil, ou melhor, mais restrito. Com a goleada sobre Honduras, agora é prata ou ouro. E contra a Alemanha. Vingança? Forra dos 7 a 1? Nada disso. A história agora é outra. E, como disse Gabriel Jesus, não temos como mudar o passado. Quem sabe, porém, se não começamos a construir um futuro parecido com aquele passado de glórias e conquistas? Isso, porém, é papo para amanhã.

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