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Brasília

Olímpica 18

Arquivo Geral

14/08/2016 10h11

Com muito mais talento, o poeta já pediu desculpas às feias lembrando que beleza é fundamental. Hoje, que me perdoem os fãs do atletismo que já começou a empolgar; da natação, que terminou ontem à noite; do tênis, que mexeu com as emoções dos torcedores; do judô, do tiro esportivo, enfim… Hoje, a coluna é olímpica, mas vai ter um só tema: o futebol.

Isso mesmo. No meio dos Jogos Olímpicos Rio 2016, primeira Olimpíada realizada na América do Sul, o tema vai ser o bom e velho esporte bretão, de 11 contra 11; de gritos emocionados nas arquibancadas; de pentacampeões; de decepções; de emoções – lá em baixo, de quebra, ainda vou falar do Brasileiro.

E sabem por quê o colunista tomou esta decisão? Por causa de Marta, Bárbara, Formiga, Cristiane e todas as demais jogadoras que mantiveram, já no início do sábado, o sonho brasileiro de conquistar a medalha de ouro no torneio feminino de futebol dos Jogos Rio 2016. Um sonho que por muito pouco não se tornou pesadelo. E no mesmo Mineirão que há dois anos…

Não me envergonho de dizer: fui às lágrimas com a vitória. Pode parecer ironia, mas na fatídica goleada da Alemanha, na Copa do Mundo, talvez por estar no ar pela rádio; talvez por estar preocupado com a coluna que precisava escrever; certamente por não acreditar no que havia visto, me senti meio letárgico. Com as meninas, não. Luzes apagadas, apenas a televisão ligada, me peguei chorando já no momento em que Marta se encaminhava para bater o seu pênalti. Senti, infelizmente, que ela iria perder.

E o enredo traçado pelo destino não poderia ser mais cruel: a melhor jogadora do futebol mundial, a mulher que ensinou o torcedor brasileiro a gostar do futebol feminino, poderia ser a responsável pelo fim do sonho. Imagino o que passou pela cabeça de Marta.

Para piorar, por essas coisas que só a tecnologia explica, a transmissão na minha casa chegava alguns segundos depois dos vizinhos que ocupavam um bar na esquina da rua. A cada vibração eu sabia que acontecera um gol – os gritos chegavam aos meus ouvidos antes de a imagem ser percebida pelos meus olhos. Na hora de Marta, pela demora, senti que meus temores haviam se confirmado.

O travesseiro foi responsável por segurar as lágrimas que, neste momento, eram fartas. Não era possível que, de novo no Mineirão, seríamos eliminados de um grande torneio de futebol em nosso país. E, para os mais esquecidos, lembro que antes do jogo contra a Alemanha, também em Belo Horizonte enfrentamos o Chile, que no finzinho da prorrogação mandou uma bola no travessão. Como fez a Austrália.

Era hora do quinto pênalti australiano. A bela goleira Bárbara, maquiada como quem vai a uma festa para arrasar corações, se preparou. Enquanto eu ainda via estas cenas ouvi os gritos da galera no botequim. Sim, a Austrália também perdera seu pênalti. Perdera, não.

Santa Bárbara defendeu. E as lágrimas que preenchiam meu rosto eram divididas com Marta. Certamente passava pela sua cabeça algo do tipo “se não fosse eu já estaríamos classificadas”. O destino, a este irônico menino, queria pregar novas peças no nosso futebol.
Pênalti para lá, pênalti para cá. A tensão só aumentando.

No meio do gramado do Mineirão, algumas jogadoras brasileiras estão de joelhos. Nas arquibancadas, não há ninguém sentado. Alguns sequer respiram. E lá vai a nossa musa, maquiada, segura, defender mais uma cobrança e carregar o Brasil para a semifinal, terça-feira, no Maracanã. Contra uma Suécia que já goleamos na fase de grupos. Mas é bom ficar atento. Não esquecer que o futebol exige seriedade.

Agora, este mesmo futebol que nos decepcionou com os homens até agora (escrevo, claro, antes da partida contra a Colômbia, pelas quartas-de-final do torneio olímpico feminino), pode nos redimir com as mulheres. E, quem sabe, fazer com que esta nação volte a se apaixonar por ele. Afinal, só mesmo o futebol para, no meio de uma Olimpíada, com os melhores atletas do planeta batendo ponto no Brasil, conseguir ser tema de uma coluna inteirinha.

E, como prometi, ainda vou falar de Brasileiro. Começou ontem a primeira rodada do returno. Por causa da realização dos Jogos Olímpicos está meio bagunçado, com alguns times “devendo” jogos do primeiro turno. Mas “tá valendo”, como dizem os garotos. Sem dúvida alguma a grande atração de hoje é o duelo entre o São Paulo e o Botafogo. E por uma razão muito simples: o tricolor paulista tirou o treinador do alvinegro carioca nesta semana.

Outro enredo para lá de novelesco, não é mesmo? Mas tem mais: tem o Grêmio recebendo o Corinthians e o Santos encarando o Atlético Mineiro. Jogos que envolvem o pessoal da parte de cima da tabela de classificação. E Atlético Paranaense (com a torcida de todos os times já citados) enfrentando o líder Palmeiras. Podemos ter profundas alterações na classificação ainda esta noite.

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