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Brasília

Olímpica 08

Arquivo Geral

04/08/2016 10h08

Apesar da tristeza, entrei ontem no clima dos Jogos Olímpicos. Na realidade, uma entrada quase forçada – e que aumentou a tristeza, devo ser sincero. A presença de vários amigos, do samba, me levou às ruas para ver a passagem da tocha pelo centro do Rio de Janeiro. Passagem que, creio ter comentado, bolei um projeto, apresentei a um “amigo” (agora devo usar aspas), ele usou o projeto como seu e me deixou de fora. Cavacos do ofício. Mais uma decepção. Vamos em frente.

Fui para a Avenida Rio Branco. VLT sem funcionar, o povão tomou o espaço sem cerimônia. Infelizmente um rapaz carregava cartazes de protesto. Digo infelizmente não por ser contrário a qualquer tipo de manifestação, mas pelos termos. E o momento. Ali? Naquela hora? Falar das vigas da perimetral que sumiram? Na época pouco se falou. E trocadilhos infames, gestos ofensivos… Fora de contexto, com sinceridade.

Encontrei gente de terno, moças de salto alto que são risco à saúde nas mal pavimentadas ruas, crianças, ambulantes. Na esquina de Rio Branco com Almirante Barroso, onde Jorge Perlingeiro, colega de Liesa, receberia o fogo para percorrer (foi andando, cheio de medo de levar um tombo) até a esquina seguinte (Rua México), formou-se grande aglomeração.

Simpático, emocionado, tirou quantas fotos lhe foram solicitadas. Tumultuou o esquema de segurança. Aí chegou um cidadão com a camisa do Boca Juniors. Era argentino. Tocou na tocha, pediu para tirar foto, sorriu. Depois, chorou.

Fui falar com ele. Me explicou que estava num albergue, com outros dois amigos. Dinheiro contado, mas feliz. Ia ver a seleção feminina de hóquei de seu país, Las Leonas (boa parte das chances de medalha dos Hermanos está nesta equipe). Disse que economizara o possível no difícil momento econômico de seu país (qualquer semelhança…) e veio.

“Aí, andando, a tocha passa a meu lado, eu a vejo, eu a toco, fotografo… Estou sonhando”, afirmou, antes de voltar a chorar. Se este não é o tal espírito olímpico na sua essência, se este tipo de situação não é suficiente para que trazer a Olimpíada para cá seja motivo de elogios…

Aí, voltando ao escritório, enquanto vou vendo a estreia das meninas do futebol (o Engenhão merecia um público maior), leio que a organização prepara um meio de abafar possíveis vaias ao presidente interino na cerimônia de abertura. Bobagem. Pelé já foi vaiado no Maracanã; Garrincha também – e a lista não teria fim.

Por que o interino não pode ser? A presidente afastada não só foi vaiada como ofendida na Copa do Mundo. No Pan Americano de 2007, seu antecessor foi tão apupado que rompeu com o então prefeito do Rio achando que era coisa organizada. Bobagem. Era, apenas, a voz das ruas. Implacável.

Como implacáveis, também, foram as críticas que andei lendo sobre a possibilidade de Pelé ser o “acendedor” da pira olímpica. Não há unanimidade no Brasil, nunca houve, nunca haverá, mas alguns comentários… Façam-me o favor. Se bem que, ao dizer que não pode aceitar de pronto um teórico convite porque “há uma empresa que cuida da sua imagem”, neste momento ele, Pelé, já se afastou do direito/orgulho de ser “o cara”. Sei que vão me criticar, mas uma das pessoas que deveria estar na lista, em algum momento, era João Havelange.

Como falei em futebol… Vamos ver o que nossa seleção masculina nos reserva logo mais. Brasília vai ter a oportunidade de ver a estreia e sentir como Rogério Micale armou o time. E saber se podemos, enfim, sonhar com a medalha de ouro. Pelo que o treinador deu a entender, ontem, os três veteranos começarão jogando. Não pode ser por medo da África do Sul (espero).

Continuo pensando, porém, em como deve estar a cabeça do goleiro sub-23. Weverton, que nem fazia parte da lista original, chegou e vai ser titular. Coisa estranha, não?

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