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Brasília

O ser humano…

Arquivo Geral

04/10/2016 7h53

Atualizada 03/10/2016 11h53

Parece que agora está sacramentado – digo parece porque essas decisões, que envolvem muitos interesses, ficam num ir e vir complicado. A Conmebol oficializou o aumento da Libertadores e, por tabela, o Brasil ganhou mais vagas na competição. Esta pelo menos é a explicação rasteira da situação. Se formos buscar (e vou escrever sobre isso daqui a pouco) os alicerces da brincadeira, veremos que não é bem assim. De qualquer forma, fiquei surpreso com a reação de alguns jornalistas sobre a mudança.

Primeiro, vamos entender o que mudou. A Libertadores continua a mesma. São os mesmos 32 clubes de anos e anos atrás. O que aumentou, mesmo, foi a pré-Libertadores. Só que como a Conmebol há uns dois anos chama aquela fase de mata-mata que leva à etapa de grupos – e os paulistas adotaram a nomenclatura de pronto para valorizar as classificações de seus times… Sendo assim, não haverá aumento na fase de grupos. Continuam oito de quatro times e, a partir daí, mata-mata.

O que a Conmebol fez foi ampliar a pré-Libertadores. Foram mais duas vagas para o Brasil, mais uma para a Argentina… O campeão da Sul-Americana não tira mais lugar do seu país (ou seja, quem levar a “segunda taça” do continente tem seu lugar e pronto), na pré-Libertadores… Numa análise rápida, o Brasil pode ter oito times na Libertadores (contando aqui a pré como a competição): seis do Brasileiro, o campeão da Copa do Brasil e o campeão da Sul-Americana (ainda temos Coritiba e Chapecoense brigando pelo título).

A CBF correu para dizer que seis destes lugares virão do Brasileiro. O G-4 já virou G-6. Pode virar G-7. Ou G-8. Deu para entender? Vamos para a classificação de hoje. Apenas para raciocinar, digamos que o Brasileiro terminou exatamente como está nesta rodada e o Palmeiras sagrou-se campeão, com Flamengo em segundo, Atlético Mineiro em terceiro, Santos em quarto, Fluminense em quinto, Atlético Paranaense em sexto, Corinthians em sétimo e Botafogo em oitavo lugar.

Palmeiras, Flamengo, Atlético Mineiro, Santos, Fluminense e Atlético Paranaense classificados para a Libertadores. Os três primeiros direto para a fase de grupos, os outros três para a pré-Libertadores. Para continuarmos o raciocínio, digamos que o Santos conquistou a Copa do Brasil. A equipe da Vila Belmiro vai direto para a fase de grupos e abre vaga para o sétimo colocado, no caso, o Corinthians. Para tumultuar a cabeça do leitor, porém, admitamos que a Chapecoense, numa reação espetacular, tome o sétimo lugar do Corinthians.

A Chape estaria na pré, com o Timão fora. Mas a equipe catarinense pode ser campeã da Sul-Americana. Assim, abre vaga para o oitavo colocado do Brasileiro. No caso, o Corinthians, que havia sido surpreendido pela reação do time do Oeste catarinense – e o G-4, que virou G-5, que passou a G-6, escorregou para G-7, terminou como G-8. Loucura? Sim, tudo é possível no mundo do futebol.

O que não pode, não pode mesmo, é alguns jornalistas começarem a defenderem interesses de clubes e acharem que a Copa do Brasil, por exemplo, deveria classificar dois times direto para a Libertadores, ou acharem que este aumento (na pré-Libertadores, é sempre bom frisar) vai desvalorizar a competição porque anuncia-se uma possível retirada dos times do México e não se incluem equipes dos Estados Unidos.

Pera aí… A Libertadores é um torneio da América do Sul. Lembro bem que, quando anunciaram a presença dos times mexicanos, estes mesmos defensores da dignidade disseram que isso só acontecia porque a Conmebol “queria o dinheiro da televisão mexicana e de seus patrocinadores”. E o que os times dos Estados Unidos têm a acrescentar? Alguém tem a coragem de me dizer que o Toronto Raptors (fiz de propósito em citar um time do Canadá) é mais forte do que a Chapecoense, ou o Botafogo, ou o Cruzeiro, que está numa má fase?

Amigos… Tenhamos um pouco de consciência. Vocês mesmos protestam quando um time mexicano chega à final da Libertadores e não pode ir ao Mundial, se ganhar (nunca aconteceu). Por que agora vêm com essa história de “se o México sair teremos uma perda na qualidade do torneio”? Sejamos sinceros. E o que se poderia esperar de dois ou três times dos Estados Unidos, além de viagens ainda mais longas? Querem ir a Orlando visitar o Mickey? Comprem um pacote numa agência de turismo e boa viagem.

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