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Brasília

Não tem preço

Arquivo Geral

06/07/2016 7h38

Atualizada 05/07/2016 17h39

Quanto vale o Flamengo? O Corinthians? O Cruzeiro? O ABC de Natal? O Paysandu de Belém? Esta pergunta, se feita ao torcedor de qualquer um dos times citados deverá receber como resposta “não tem preço”, ou alguma coisa semelhante, carregada de paixão e sentimento. Esta máxima, porém, cada vez mais perde valor (perdoem o trocadilho) na Europa. Por lá, paraíso dos “clubes empresa”, vemos sheiks, companhias aéreas (na realidade, investidores), empresas de informática chegando com seus milhões – poucas vezes bem explicados – e adquirindo clubes tradicionais. A paixão da galera? Que se dane.

Agora mesmo estourou na Itália a notícia de que Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro do país (e ex-sogro de Alexandre Pato), está negociando sua participação societária no Milan. As especulações falam que o misto de político e empresário vai vender, provavelmente até o dia 15 deste mês, 70% dos direitos do Milan por R$ 1,5 bilhão. Isso mesmo… Berlusconi estaria com tudo acertado com o sexto homem mais rico da China para vender o Milan por alguma coisa em torno de 400 milhões de euros, recebíveis em dois anos. E a paixão da galera? Que se dane.

O discurso de Berlusconi é, porém, para mexer com o coração da massa. Desde que assumiu o rubro-negro de Milão há 30 anos, o cartola levou o clube a um patamar que até então o clube jamais havia experimentado. No período, além de inúmeros craques (quem não se lembra do trio holandês Gullit, Van Basten e Rijkaard?), a galeria de troféus foi intensamente valorizada com a conquista de cinco Liga dos Campeões da Europa e oito campeonatos italianos. Nos últimos anos, porém… E é aí que entra o discurso emocional.

Berlusconi afirma que não tem conseguido fazer do Milan, de novo, a máquina vencedora de outros tempos. Não fala, mas talvez a idade esteja pesando. E a venda, segundo o cartola, é a forma encontrada para o Milan voltar a ser gigantesco. Neste ponto a galera gosta, mas… O que se pode esperar da chegada dos empresários chineses? Será que após um investimento tão elevado para a aquisição das ações, haverá capital de giro para continuar investindo, para montar um super-time de imediato e diminuir a perda de identidade que certamente advirá da negociação? Como fica a paixão da galera?

Além do possível problema da idade de Berlusconi, pesa, muito, a falta de grana. Num país em crise, o futebol sofre (quantos clubes brasileiros estão, há tempos, sem patrocinador máster?). E o Milan apresentou, na última temporada, um prejuízo superior a R$ 300 milhões. Só no último ano. Isso impede novos investimentos, ou seja, como na história do biscoito, sem dinheiro não há contratações, sem contratações não há time forte, sem time forte não há briga por títulos, sem títulos entra menos dinheiro e tudo se repete. E aí entra a grana chinesa: recuperar o time e fazer a galera voltar a sonhar com o domínio do continente, como nos anos 90. Mas até que isso aconteça, que preços serão pagos pelos torcedores? A paixão, como diz o comercial do cartão de crédito, não tem preço – para todo o resto há o dinheiro. E apenas para isso ele deveria servir.

Inflação olímpica

A MegaStore (será que alguém pode explicar a utilização do estrangeirismo?) oficial dos produtos olímpicos está funcionando, na praia de Copacabana, desde quinta-feira passada. Estive lá logo na abertura. Devo confessar: decepção. Pela variedade de produtos e pelos preços. Vou começar do início: roupa tem demais. Camisetas de vários tipos, cores, tamanhos… Pouca exploração (pelo menos no que vi) dos mascotes (que são muitos simpáticos e fazem o maior sucesso com a garotada). Pins, uma boa variedade, apesar de os perdidos atendentes não saberem dizer, por exemplo, se teremos de todos os esportes e de todos os países (os esportes acho que sim, mas dos países…). Pena. Seria uma bela recordação.

Aí, conversando com uma amiga da Casa da Moeda (que está presente na loja com suas medalhas comemorativas), discutimos a questão dos preços. Os pins estão na faixa de R$ 30 (existem mais caros). Valor elevado, não é mesmo? Infelizmente, para nós, sim. Mas se fizermos a conversão para dólar, dá mais ou menos US$ 8. Na Disney você não compra um pin por este valor. Para os gringos, “tá” na mão. Vão fazer a festa. Mas o que me assustou, mesmo, na questão dos preços foi ver que as pelúcias pequenas dos mascotes (Tom, Vinicius e Ginga, o mascote do Time Brasil) estavam sendo vendidas por R$ 115, quando você pode pagar R$ 99,90 nos Correios ou pela internet – sem falar dos quiosques espalhados pelo país.

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