Fonte: El País
A revista Der Spiegel, uma das mais tradicionais e destacadas publicações da imprensa alemã, está vivenciando o desconforto de reconhecer que um até então brilhante repórter, Claas Relotius, de 33 anos, inventava histórias que divulgava no periódico.
Ao todo, Relotius escreveu 60 reportagens para a Der Spiegel, além de outras publicações alemãs, que agora vasculham seus arquivos em busca da verdade.
A revista decidiu “pressupor que todos os artigos escritos por Relotius eram inventados”, como anunciou o diretor de redação Steffen Klusmann pouco depois da revelação do escândalo.
“Como editores da Der Spiegel, temos que reconhecer que falhamos de forma considerável”, declarou Steffen Klusmann. As fraudes foram descobertas e desmascaradas graça ao empenho do jornalista Juan Moreno.
Moreno na verdade é um repórter freelancer. Filho de um espanhol que migrou para a Alemanha quando o filho tinha um ano e meio (nasceu em 1972). Trabalhou para vários veículos e teve uma coluna no Süddeutsche Zeitung. Escreve para a Der Spiegel desde 2007.
“Não sou nenhum herói, nem o grande defensor da verdade. Não tinha alternativa. Tenho quatro filhas e por um momento me vi na rua porque meu nome aparecia numa reportagem cheia de erros”, argumenta Moreno.
A Der Spiegel criou uma comissão de inquérito com profissionais experientes e com a presença da ex-diretora do Berliner Zeitung. Durante meses esses profissionais analisarão “como Claas Relotius pôde falsificar histórias, inventar protagonistas, enganar os colegas e burlar os sistemas de controle de qualidade, e que mudanças devem ser adotadas na organização”.
Juan Moreno, o ‘freelance’ que puxou o fio da meada, no escritório da sua casa em Berlim
OLIVER WOLFF AGENTUR FOCUS / CONTACTO
