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Brasília

Mau cheiro

Arquivo Geral

30/09/2016 10h23

A galera do Flamengo, com justiça, vem falando nos últimos tempos em “cheirinho de hepta” (e, aqui, de novo, não vou entrar na discussão da validade ou não da contagem do título de 1987, da Copa União). Vários jornais cariocas, inclusive, a cada vitória rubro-negra no Brasileiro reafirmam o “cheirinho”. O entusiasmo sempre foi uma das características da Nação. Entusiasmo, por sinal, que já custou a carreira de alguns bons jogadores, alçados à condição de craques após uma ou duas boas partidas.

Nesta quarta-feira, com um time misto, o Flamengo recebeu o Palestino, do Chile, pelas oitavas-de-final da Sul-Americana. Uma semana antes, a galera ironizou todos os demais rivais cariocas pelas eliminações na Copa do Brasil. Normal. É do jogo e é o que faz a alegria do futebol. Como vencera o jogo de ida, e briga ponto a ponto com o Palmeiras pelo título nacional, poupar alguns jogadores seria natural. Ainda mais que os flamenguistas viram que o Palestino era “um time fraco”, que não “ameaçaria” a classificação. Talvez por isso, inclusive, o público presente ao estádio de Cariacica tenha sido tão pequeno (menos de 13 mil pagantes).

Só que esqueceram de avisar ao Palestino que viria ao Brasil para ser eliminado, para ser um simples coadjuvante. Com disposição (que o Flamengo só mostrou, um pouquinho, no segundo tempo), aplicação e muita vontade de vencer (que o Flamengo não mostrou, mesmo tendo se empenhado um pouco mais nos 45 minutos finais, como já foi dito), a equipe chilena eliminou o Flamengo da Sul-Americana, na primeira derrota rubro-negra no alçapão de Cariacica (a torcida do Flamengo inclusive já vinha fazendo rimas pornográficas afirmando que “caiu em Cariacica o Flamengo …).

Como diziam os antigos, se o Brasileiro tem cheirinho de hepta, na Sul-Americana, literalmente, fedeu. E a derrota de 2 a 1 só não foi maior porque o Palestino não deu muita sorte em algumas conclusões. Agora, para os times brasileiros, o cheirinho de título na Sul-Americana tem as cores verde e branca, com as classificações, heroicas, nos pênaltis, de Chapecoense e Coritiba – o Santa Cruz quase chegou.

Leve aroma

Se a eliminação diante do Palestino provocou irritação nos rubro-negros, agora vítimas das provocações de todos os rivais (é do jogo, também), alguns mais conscientes viram benefícios com o fato de o time estar fora da competição continental. Na avaliação destes torcedores, não participar mais da Sul-Americana reduzirá o desgaste do elenco e forçará a equipe a se concentrar na conquista do título brasileiro. Uma avaliação bastante sensata e cheia de exemplos anteriores a dar respaldo.

Os jogos de ida das quartas-de-final da Copa do Brasil aconteceram, também, na quarta-feira. Palmeiras, Atlético Mineiro e Santos, que dividem com o Flamengo o G-4 do Brasileiro, atuaram. Apenas os alvinegros (Galo e Peixe) venceram, mas de pouco, ou seja: não vai dar para facilitar na partida de volta, daqui a 20 dias. O Palmeiras, líder do Brasileiro, “perdeu de pouco” (Cuca chegou a dizer que fora uma derrota boa). Resumindo: todos terão de correr muito para continuar na competição. Desgaste físico e mental. Uma eventual classificação do Flamengo representaria uma viagem para enfrentar o vencedor de San Lorenzo e La Guaíra. Foram poupados disso os jogadores rubro-negros.

Más ideias

Fico, sinceramente, impressionado com alguns colegas. Falam tanto que devemos adaptar o calendário do futebol brasileiro (e sul-americano) ao europeu, considerado por eles o máximo em termos de futebol. Defendem que a Conmebol é uma bagunça (não acho que estejam tão errados), que a Uefa é que é a tal e por aí vai. Agora que a entidade sul-americana anuncia que a Libertadores da América vai ser disputada de março a novembro e com a final em jogo único, em cidade determinada antecipadamente (como fazem na Europa para a Liga dos Campeões e a Liga Europa), as críticas chovem.

Acho que os colegas perceberam que a mobilidade em nosso continente não é fácil como na Europa. Se um time chileno e um brasileiro (ainda estou envolvido com a partida entre Flamengo e Palestino) decidirem a competição, com uma partida no México, vai ser difícil a galera viajar para lá – sem falar a questão do visto de entrada. Na Europa, de trem, em algumas horas você vai de um ponto a outro do continente. Por aqui não é assim que a banda toca. E isso de esticar a competição… Vai virar um caça-níqueis de luxo, apenas.

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