De família com atuação tradicional no segmento de educação escolar, o empresário suíço Bernhard Gademann, proprietário do Rosenberg Institut, tradicional escola suíça que fica em St. Gallen, conversou com a coluna sobre os desafios de estar a frente de um renomado instituto. Propriedade da família Gademann há mais de 125 anos, a escola já teve entre seus alunos mais renomados, o professor doutor Mario Molina, vencedor do Prêmio Nobel de Química em 1995. Confira abaixo a entrevista com Bernhard, que no próximo ano aterrissa no Brasil.
Sua família tem tradição no segmento do ensino há várias gerações. Como tudo começou ?
Meu bisavô foi um pioneiro da educação individual que acreditava fundamentalmente que as escolas de qualidade deveriam levar em consideração a diversidade dos seres humanos. Ele acreditava que, como todos têm diferentes pontos fortes e fracos, também precisamos de diferentes impulsos de aprendizado e estímulo para alcançar nossas
melhores habilidades. Por último, mas não menos importante, meu bisavô acreditava em uma abordagem holística da educação e que não devemos reduzir o aprendizado ao que me ensinam em um livro. Ao longo das gerações, minha família teve o privilégio de preservar essa tradição, continuando a desenvolver nossa abordagem única à educação com base em sua visão.
Na sua opinião, qual a importância de uma instituição de ensino na educação de crianças e adolescentes ?
Proporcionar aos alunos de todas as idades um ambiente de aprendizagem, que lhes permita descobrir seus talentos, suas paixões e perseguir seus sonhos. Neste contexto, é muito importante promover uma relação de confiança e respeito mútuo entre a equipe da escola e seus alunos. Eu sempre digo aos alunos: “Nós (professores) não somos mais espertos do que você, somos apenas mais experientes.”
A chegada de novas tecnologias como telefones celulares cada vez mais modernos e a Internet mais presente na vida das pessoas, interfere de certa forma nas aulas dos alunos ou traz benefícios?
É tudo uma questão sobre encontrar o equilíbrio certo. Algumas vezes não permitimos o uso de aparelhos eletrônicos, como durante as refeições ou a noite. No entanto, seria tolice banir todo o uso desses poderosos dispositivos, que são muito importantes em nossas vidas. Durante as aulas, conseguimos um equilíbrio, permitindo que os alunos usem seus dispositivos eletrônicos para fins de pesquisa, assim como os professores quando trabalham em Smartboards, bem como para aulas como codificação e robótica.
Rosenberg Institut, na Suíça
Na sua opinião como deve ser uma escola ideal ? E como idealiza a escola do futuro?
A escola ideal é a escola do futuro. Hoje estamos no processo de preparar os líderes de 2030 ou 2040, por isso devemos sempre olhar para frente. Acreditamos no ensino de criatividade, ética, liderança e habilidades sociais, porque os alunos que educamos hoje terão que oferecer algo diferente do que replicar o que uma máquina (computador) pode fazer.
O que nunca pode faltar em um professor e o que jamais pode faltar em um aluno na escola?
O cuidado é a coisa mais importante na educação. Temos um forte senso de propósito aqui no Rosenberg, para fornecer a melhor educação holística possível. Se você tem um propósito, então se importa com todos os alunos, todos os dias e em todas as lições. Isso se aplica aos alunos da mesma forma, aqueles que se importam com o sucesso.
Você tem algum projeto que gostaria de realizar na instituição de ensino que você comanda?
Abrimos recentemente um Laboratório de Criatividade no campus, permitindo que nossos alunos descubram, explorem e criem os campos de design de produtos e moda, tecnologia e robótica. É fascinante ver como as linhas entre essas áreas individuais se confundem quando a criatividade de um aluno em um campo inspira a inovação de outro aluno em uma área diferente. Indo adiante, gostaria de ver como podemos reduzir o paradigma de que os assuntos são ensinados em silos quando o mundo inteiro e todos os aspectos da vida interagem uns com os outros.
