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Você gosta mesmo de aprender?

Arquivo Geral

26/03/2019 7h03

Atualizada 01/04/2019 20h13

Algumas colunas atrás aqui, falei sobre crise na educação, abordando problemas de atuação de professores. Há duas semanas, foi vez de tratar do Efeito Dunning-Kruger, que faz pessoas incompetentes em algum tema quererem debater em pé de igualdade com gente altamente preparada. Hoje quero, juntando tudo, refletir sobre a rejeição atual de grande parte da sociedade de aprender, de ouvir, de reconhecer a competência de outros e de, assim, crescer em conhecimento.

A prática que prejudica pessoal e socialmente

Desde que passei a morar em Brasília, deparei-me com uma realidade que não é tão grande no Rio de Janeiro: alguns jovens são estimulados, única e exclusivamente, a passarem num concurso e conseguirem um cargo público, já pensando na aposentadoria rápida e gorda. Isso gera uma atitude de fazer cursos não para aprender (o que quer que seja), mas com o objetivo de passar numa prova (o concurso) e pronto.

Pessoas assim, e somo a elas outras que querem passar em um vestibular (até certo ponto) e as que estão em uma universidade para angariar um diploma, podem apresentar um sintoma: pouca vontade de aprender. Não há nelas o desejo de crescer em conhecimento, mas somente atingir aquele objetivo. As matérias anotadas no caderno e gravadas na memória são somente um instrumento para aquilo que se quer (após isso, pode deletar, sem crise).

A atitude de quem quer aprender de verdade

Alguém que entrou no serviço público, conseguiu chegar à universidade ou mesmo terminou o curso da faculdade e quer, de verdade, aprender, continua a ler sobre o tema, avança, faz outros cursos (ainda que não necessariamente), vai a debates e continua pesquisando, mesmo sem ser associado a qualquer agência criada para esse fim.

Ao deparar com quem tem saber em alguma área, aquele que quer aprender, mostra sua dúvida ou sua pretensa certeza, e a compara com a experiência e o conhecimento daquele que está próximo e dispõe de informações que podem ser somadas às suas. Isso é uma atitude de um eterno aluno. Hoje imagino que ser aluno desse jeito e professor em essência pode ser coisa inata. Pode-se aprender, mas a vontade não está em todos.

Como isso tudo se dá na linguagem?

Todas as experiências da vida podem se refletir na prática da língua. Isso porque, como já falei aqui em várias oportunidades, ela faz parte da prática social. Quantas vezes, como professor e conhecedor dos meandros da comunicação, tentei mostrar, como partilha de saber, uma nuança da gramática que corrigisse algum aspecto e isso foi recebido com desdém? Muitas!

Por outro lado, já que a língua muda tanto, precisamos ter em mente que algo que pensamos ser certo pode ter-se modificado, ou está em vias de sê-lo. Isso é a capacidade de pensar e aprender de um eterno aluno. Quem quer conhecer e crescer no conhecimento está sempre aberto a aprender.

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