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Sobre Mestres e Doutores

Arquivo Geral

05/02/2019 7h00

Atualizada 04/02/2019 22h58

Um dos temas que abordamos aqui em Mandando a Letra é o significado das palavras. Dias desses, falamos que muitos vocábulos têm sentidos para além do que a semântica aponta (aqueles que encontramos nos dicionários). Com isso, lançamos mão da pragmática, quando buscamos entender o lexema a partir de sua utilização no meio em que está inserido. É o caso dos títulos de mestres e doutores.

A polêmica da semana

“Evidentemente, a circulação de notícias e comentários a respeito do título de mestra da ministra Damares Alves deu um clique pra gente conversar sobre isso aqui. Afinal, prontamente muita gente falou que, comprovadamente, ela não tem formação de pós-graduação “stricto sensu”, como é o mestrado.”

Então, por isso, ela não é mestra? É lógico que, para comprovação em uma instituição que exija formação nesse nível, não. Mas tanta gente chama pessoas de mestre e mestra, e, para lembrar de outro título da área acadêmica, doutor e doutora. Qual é o problema, então, no significado das palavras?

Os tantos mestres por aí

De antemão, mestre é uma palavra que pode ser utilizada para qualquer pessoa que se mostra conhecedora de um conhecimento notório e que se dedica, de alguma forma, a ensinar a outros. Sendo assim, muita gente chama de mestre pessoas que lhe são gratas por ensinarem muito na vida. Até por isso, muitos professores são chamados de mestres, palavra considerada sinônimo daquele que ensina (em sala de aula ou não).

Entretanto, se o vocábulo for utilizado em meio acadêmico ou público, evidenciando um notório saber comprovado por meio de titulação concedida por universidade ou faculdade, sem a devida demonstração de um diploma, torna-se significativamente duvidoso. Isso porque, nesse ambiente, espera-se que o portador da notícia tenha essa comprovação: o certificado com curso.

E mais doutores ainda

O caso dos doutores é ainda mais complexo. Eu quero destacar, pelo menos, quatro tipos de doutor: os que são titulados academicamente, os com diploma; aqueles que a sociedade convencionou, médicos, advogados e outras categorias; pessoas importantes em empresa, na falta de um vocativo melhor, são chamadas de “doutores” (acho que, para eles, “senhor” é pouco); e os interlocutores considerados importantes por alguns serviçais, como garçons.

Dessa forma, vemos que há doutores que não podemos dizer que não são. Em nível acadêmico, de fato, os outros não poderão ser. Explico a importância disso, imaginando que você pode ter dificuldade de saber se um médico ou advogado são mesmo doutores na área em que o atendem, já que todos são chamados assim. Dessa forma, no caso da ministra, não era um mero detalhe saber se, realmente, sua preparação para aquele mister era a anunciada e não somente a considerada em outro contexto. Afinal, quem chama técnico de futebol de professor, sabe que ele não tem licenciatura, né?

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