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Salvem o “super-”…

Arquivo Geral

22/08/2017 8h00

Atualizada 21/08/2017 17h36

…e sua turma. Digo “turma” porque tem muitos outros prefixos que sofrem como ele, por exemplo, “mega-” e “hiper-”.

Mas qual é o sofrimento, afinal?
Os prefixos têm um comportamento em comum. Como os afixos da nossa língua, eles não se apresentam isoladamente. Sempre estão ligados a uma palavra, coladinhos ou com o recurso do hífen. O sofrimento dele reside em estar sendo grafado isoladamente.

Se é assim, o super-, que, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa “sobre, além de, por cima, demais”, dando o sentido de “posição acima de”, deveria vir grafado como os seguintes exemplos: super-homem, superorganizado, supercampeão, super-realista.

O que já vemos na prática por aí
É natural que a gente vai repetindo o que vê nas placas e nos escritos mais fáceis de ler. Chamo de mais fáceis de ler aqueles que são apresentados pra nós enquanto andamos pela rua. Até quem não lê um livro ou procura um jornal ou mesmo um texto mais complexo na internet, o que é mais comum hoje, se depara com esse tipo de texto. A facilidade, no caso, é de acesso, não da complexidade do que está escrito.

Nessa categoria, estão as propagandas em cartazes na rua, no comércio em geral, nos prospectos e folhetos que circulam entre a gente, e, sem dúvida, na tevê. Quem nunca viu o tal “Super promoção”, “Super oferta”, ou “Super desconto”? Isso influencia a forma de compormos nossos textos, já que a gente vai se acostumando.

Tendência e atitude
Há um caso, sim, em que essa palavra pode ficar sozinha. Você pode até dizer que já encontrou isso para confrontar minha defesa da “salvação do super-” (veja que uso esse traço no fim da palavra para indicar que se trata de um prefixo), e eu sei que sim, mas não como prefixo.

A palavra súper (assim, acentuada) é admitida como interjeição pelo Houaiss. Mas, como interjeição, vem acompanhada de um ponto de exclamação. Exemplo: “Fui convidada para a festa. Súper!”. Portanto, caso diferente.

A orientação de salvarmos o super- dessa atitude de grafá-lo isoladamente quando se comporta como prefixo serve para lembrarmos da norma padronizada da língua. Como vocês sabem, eu tenho sempre lembrado que a língua é viva. Tudo pode mudar. Mas ainda é assim. O que nos aponta, nesse momento de reflexão sobre essa evolução, é que super- pode estar em processo de adaptação, mas, ainda não concretizada. Sem contar que pode ser uma moda que vai passar (não tenho segurança). Todavia, conclamo: o super- ainda pede para ser salvo, com seus amigos mega-, hiper- e outros prefixos.

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