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Os avanços da escrita

Arquivo Geral

30/01/2018 8h00

Atualizada 29/01/2018 17h31

É comum ouvirmos por aí que não se escreve, hoje em dia, como antigamente. Claro que alguém que comenta isso pode fazer alusão a construções gramaticais, escolha de palavras e o que se chama estilo (o que pode dizer um montão de coisas). Mas o que realmente tem de significativo nisso?

A ilusão dos velhos tempos

Steven Pinker, comentando sobre seu livro Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância, afirma que “não estamos escrevendo pior que antigamente. As pessoas confundem seu envelhecimento com o declínio do mundo ao seu redor. É a chamada ilusão dos bons velhos tempos”.

Isso acontece não somente no campo da escrita e da fala, mas, certamente, você já viu pessoas dizendo que antigamente que era bom o futebol, que os atores e atrizes de hoje em dia não são bons como os de outrora, que as escolas de samba atualmente fazem tudo errado, etc. etc. etc.

A linguagem evolui como um ser vivo

Muito do que tentamos corrigir num processo de fala e escrita é tarefa inglória. Digo isso quando se trata de elementos que estão passando pela evolução natural de um ser vivo. Se isso não acontecesse, estaríamos, hoje ainda, falando latim.

A história da ação de Probo, um gramático latino que fez uma listagem de palavras que estavam sendo pronunciadas erradamente, é conhecida por muitos. Entre as mais de 200 palavras, estava “oculum”, que deveria ser escrita assim, diferentemente de “oclum”, como o latim vulgar fazia. Mas note que foi de “oclum” que tiramos nosso “olho” de hoje. Vivo segue a vida naturalmente.

Isso pode chegar ao “internetês”

É comum hoje, também, haver muita crítica à linguagem adotada na internet. Pessoas estão escrevendo mais no ambiente virtual e tornam pública sua forma de grafar palavras e sua organização sintática. Logicamente, há muitas críticas a tudo isso.

Uma das formas mais atacadas pelas pessoas mais antigas são as reduções de porque, com “pq”; você, com “vc”; que, com “q”; também, com “tb”; entre outras. Há vários argumentos para que isso não seja feito, mas uma informação é importante e muita gente não sabe: Fernão de Oliveira escreveu uma das primeiras gramáticas do português em 1527. Nela, você encontra reduções de “que” feita somente com uma letra “q” (algumas com um risco em cima).

Que surpresa, não é mesmo? Os argumentos de que é um relaxo e tal ficam destruídos. Certo é que não havia ainda padrão para as palavras. No próprio livro, Fernão grafa “que” e “q”. Sobre as reduções hoje, numa linguagem dinâmica e rápida, elas facilitam e dão agilidade. Princípio para a evolução das línguas escritas e faladas. Acostumemo-nos.

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