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O que aproveitar da “Black Week”?

Arquivo Geral

05/12/2017 14h22

Lembro que, neste espaço do Mandando a Letra, já falei sobre a perda de significado no âmbito do comércio de palavras como “oferta”, “liquidação” e “promoção”. Eis que, na semana passada, continuou o resquício da tão esperada Black Week.

O resquício

Qual foi esse resquício a que estou me referindo? Vocês devem se lembrar, mais ainda, da expressão Black Friday, relacionada àquela sexta-feira após o Dia de Ação de Graças, comemorado mais efusivamente pelos estadunidenses, em que eles fazem ofertas espetaculares para vender itens bem baratinhos.

Ocorre que o resquício foi uma novidade para mim. Devo enfatizar esse “para mim” porque eu não conhecia. Especialmente por não dar muita atenção a palavras como essas do exemplo no primeiro parágrafo. Penso que Black Friday tá indo no mesmo caminho. Ela trouxe o resquício, do qual nem falei ainda: a Cyber Monday.

Da Black Friday

Grosso modo, a Black Friday virou uma tradição nos Estados Unidos por ser um dia em que o comércio faz uma liquidação bem marcante para os consumidores. Lá esse dia caracteriza um esvaziamento de estoque por parte dos lojistas a fim de arrumar espaço para itens da próxima temporada. Por isso, vendem-se mercadorias, por exemplo, que custariam 180 por 35.

Aqui, a Black Friday tupiniquim (que tá mais pra “bléqui fraidei”) virou mais um engodo comunicativo para fisgar pessoas desavisadas e desesperadas que desejam se dar bem, a gastar seu rico dinheirinho conforme a afirmação mais bacana que conheço de status: “Comprar o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para agradar a quem não gosta de você”.

A repetição

Já nos idos dos anos 1970 , Amaro Nunes e Roberto Leite falaram de “palavras que não significam nada porque significam tudo”. Para eles, algo perde o sentido ou fica esvaziado quando se repete demais.

Do mesmo jeito que percebemos isso com “oferta” e “promoção”, estou sentindo com a tal Black Friday e suas parceiras. Há tantos dias especiais que não tem mais nada especial neles. Vulgarizaram-se.

Sem contar que as liquidações por aqui são como um sapato que custa 130, mas você, no dia especialíssimo, pode comprar três por 320. As promoções nos EUA são realmente escandalosas. Vale a pena a expectativa. Aqui, nada demais. Algumas você encontra em qualquer período. Outras você percebeu que, se tivesse pesquisado mais, economizaria de verdade e fez mau negócio. Por isso, repetimos a reflexão: não caia no engodo das palavras bonitas e desconfie de repetições excessivas.

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