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O Efeito Dunning-Kruger na gramática

Arquivo Geral

12/03/2019 7h03

Durante a semana passada, tive contato com o Efeito Dunning-Kruger mais uma vez e recobrei a importância disso nos tempos atuais. Ao meu ver, ele tem sido recorrente em grande parcela da população mundial (não somente no nosso país) e impulsionado pela facilidade de comunicação via internet. Sem dúvida, essa atitude também afeta a área do conhecimento linguístico.

Você já ouviu falar nesse conceito?

O estudo que gerou essa compreensão foi feito por um psicólogo chamado David Dunning e seu aluno de destaque Justin Kruger. Eles resolveram investigar o que fazia pessoas imaginarem que sabiam muito sobre temas a respeito dos quais não tinham estudos aprofundados.

O Efeito Dunning-Kruger é, portanto, o fato de um indivíduo completamente incompetente não ter a menor noção de sua incompetência, justamente por causa disso. Mesmo assim, ele se apoia em seus parcos conhecimentos e, além disso, refuta afirmações de pessoas que são especialistas no assunto que está sendo discutido.

Resultados dessa atitude

O efeito desse comportamento nos casos da linguagem me parece ainda mais recorrente. Afirmo isso porque a gramática conta com inúmeros recursos produzidos por estudiosos dos mais variados tipos. Desde os que se aprofundaram bastante, até os que ficaram na superfície e resolveram escrever manuais de orientação. Muitos com conceitos básicos, mas aos quais a maioria das pessoas não têm acesso.

Com informações superficiais, o efeito gera pessoas que não reconhecem a competência de outros bem preparados, não conseguem perceber o quanto são desconhecedoras da profundidade de um tema e, com isso, pensam não precisar buscar um conhecimento suficiente para o assunto.

A prática do efeito

É claro que você pode estar lidando com gente que evidencia esse efeito ou, quem sabe, até mesmo sofrendo disso. Eu já contei uma história de alguém que morreu de rir porque viu escrita a palavra muçarela (assim, com ç). Riu-se porque afirmava ser com “ss”. Errou. Mas estava tão seguro de si, que ironizou alguém que, teoricamente, estudara mais o assunto.

Em outra situação, numa reunião, um colega falou a palavra “desconcordo”. Me cocei, mas, esperei. Sabendo que não conheço tudo e que o vocábulo tinha construção perfeita, esperei pra consultar. Resultado: aprendi o verbo desconcordar.

O outro lado do Efeito Dunning-Kruger é a Síndrome do Impostor, quando alguém estudado duvida do que sabe, por ter consciência do tanto que precisa estudar ainda. Não sejamos tão radicais, só devemos abrir nosso coração para as possibilidades que a vida traz. Em especial por meio daqueles que se dedicaram a estudar temas específicos. Na linguagem, isso acontece muito.

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