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Gangrena e ironia: tudo a ver

Arquivo Geral

20/03/2018 14h07

Claro que você vai estranhar essa afirmação, se você pensar na gangrena como aquela doença terrível que apodrece membros, gerando, muitas vezes, amputação. Mas, não é nada disso. De que Gangrena eu falo, então?

Gangrena Gasosa… e não é doença

Você já ouviu falar em Gangrena Gasosa? Se sabe que é uma doença, tudo bem. Ou nem sabia que existe uma doença com esse nome? De qualquer forma, não é da doença que falo, mas de uma banda de saravá metal do Rio de Janeiro. Isso mesmo que você leu: sarava metal.

A Gangrena Gasosa se classifica como banda de sarava metal: fala sobre temas que lembram a umbanda e o candomblé, com críticas sociais, utilizando, no meio do seu rock pesado, atabaques, agogôs, tamborins e batidas dos pontos de canções características da religiosidade de matriz africana. A ironia é uma marca importante na sua forma de levar sua mensagem musical.

O discurso irônico

A ironia é uma forma de utilizar discursos de outros para criticar situações e realidades. Sem dúvida, é uma maneira de alerta, de protesto e de tentativa de mudança. A ironia pode ter conotação humorística, sem, contudo, tirar-lhe a seriedade e a mesma ação crítica.

A Gangrena Gasosa usa essa forma de comunicação para fazer alusão a uma realidade e revertê-la, subvertê-la e convertê-la. É um grito e um alerta. É, algumas vezes, também, somente um deboche para com uma situação que se tenta séria, mas, na verdade, acaba sendo ridícula. Algumas de suas obras são pastichos bastante inteligentes.

“O santo de casa também faz milagre”

De antemão, convido vocês a conhecerem o trabalho da Gangrena Gasosa. Com as redes sociais, não haverá trabalho para encontrá-la na internet. Mas quero deixar para vocês algumas gotas dessa ironia e intertextualidade:

Em primeira instância, a Gangrena brinca com a diferença rock x satã. Já que isso não faz parte da nossa realidade, traz para nós o senso comum da macumba. Além disso, joga com o inglês quase obrigatório nas letras do estilo. Como cantam em português, fazem misturas inusitadas. Exemplos de títulos de músicas: “Wellcome to terreiro”; “Smells like a Tenda Spirita”; “Se Deus é 10, Satanás é 666”; “Quem Gosta de Iron Maiden Também Gosta de KLB”, “Thraxangô” e “Centro do Pica-Pau Amarelo”.

É preciso mente aberta e superar possíveis ofensas para perceber a crítica e o humor. Letras completas como de “Eu Não Entendi Matrix” farão você rir ao se lembrar dos pseudoeruditos teorizando sobre o filme. O grupo também não economizou no novo “Gente Ruim Só Manda Lembrança pra Quem Não Presta”. Passa lá pra conferir e sentir a ironia musicada: “Agora é hora de ter mais cérebro do que cabelo / Headbanger, vai bater cabeça no terreiro”.

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