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A enigmática pronúncia de subsídio

Arquivo Geral

20/11/2018 7h00

Atualizada 19/11/2018 22h07

A colega e grande professora Suiane Bezerra partilhou comigo uma reflexão e formulação de hipóteses a respeito dessa enigmática pronúncia da palavra subsídio. Temos, dentro da língua portuguesa, as orientações gramaticais, aquelas das quais tiramos a norma padronizada, e o aprofundado estudo das formas como realizamos nossa comunicação. Ambas são importantes. Entretanto, na minha opinião, a segunda deveria influenciar mais a primeira que o contrário.

A história

Suiane começa lembrando que a origem da palavra subsídio é o latim. Desde o “subsidium” latino, passamos pelo “sossídio” do português do século 15. Essa forma com dois “s” do português já nos mostra que a realização no latim deveria ser mesmo um “s” e não um “z”.

O fato é que há muitas nuanças que podem influenciar uma maneira de uma palavra ser pronunciada. Aqui no Brasil, as diversas regiões geram dialetos com características específicas que trazem essas modificações. Além disso, há o ambiente das letras ou fonemas, como vamos ver adiante.

A regra

Como já tivemos pista acima, segundo a regra que se impõe pela norma padronizada, a forma considerada “correta” para a pronúncia da palavra é com o “s”. Algo como “subssídio” e não “subzídio”.

Isso porque a regra mais difundida desse fenômeno diz respeito ao ambiente em que o “s” se coloca. No caso, ele só teria som de “z” se fosse sonoro e não surdo. O ponto de articulação de “s” e “z” é o mesmo. A única mudança entre um e outro é a sonoridade. O “s” é surdo, enquanto o “z” é sonoro. Considera-se que as vogais (sonoras) influenciariam o “s”, deixando-o “vozeado”

A hipótese

Claro que é muito fácil simplesmente orientar que o “s” de subsídio, pela regra, é surdo e deve ser pronunciado como “s” e não como “z”, e fim de papo. Mas creio que é muito mais apropriado buscarmos encontrar a explicação de por que muita gente pronuncia o “z” nesse ambiente.

Voltemos ao papo sobre os pares no ponto de articulação, como falamos de “s” e “z”, um surdo e outro sonoro. O “b” que vem antes do “s”, na palavra, é sonoro, influenciando a pronúncia do “s” e jogando-o para o vozeado. Gerando um “s” com som, qual seja, o “z”. Dá trabalho falar “s” depois de “b”. O par surdo de “b” é “p” (tente falar a suposta palavra “supsídio” e garanto que será mais fácil).

Por outro lado, há também a variação na fala de muita gente que (como “adevogado”, “pineu” e “pissicólogo”) pronuncia “subissídio”, criando esse primeiro “i” e colocando o “s” entre vogais, não na escrita, mas na pronúncia, o que é suficiente para o fenômeno visto acima. Então fica a pergunta: por que não grafar com “z”? Vai que um dia, né? Vai que um dia. Não duvide!

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