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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Rogério 100Ni

Arquivo Geral

11/04/2019 12h46

Divulgação

Pelos inícios do futebol, nem havia goleiro. Aliás, nem mesmo quando a modalidade já estava organizada e definida como esporte. Qualquer dos 11 jogadores poderiam defender a bola se encaminhando para dentro do arco defendido pelo seu time.

Com a modalidade evoluindo, os legisladores decidiram que só um homem poderia pegar a pelota com as mãos. E este saía correndo com a “gorducinha”, até chegar à boca da meta do adversário e chuta-la para dentro. Uma bagunça!

Para não levar gol, um atacado atirava-se em cima do “conduzente” da bola e o derrubava – coisa do rugby. Como brecar aquele lance? Os legisladores, então, inventaram as grande e pequena áreas. Dali pra frente era proibido tocar na bola com as mãos. Só um jogador, avisado ao adversário, teria tal direito. Surgia a área do goleiro, última posição a ser definida no futebol.

Mas ainda havia um outro problema. O uniforme de todos os jogadores era igual. Quando um tocava com uma mão da bola, o verdadeiro arqueiro dava uma de espertinho e dizia ter sido ele. O jeito foi fazê-lo atuar com uma jaqueta diferente das demais. E rola a bola!

Se o goleiro veio para evitar gols, quem imaginaria um deles, um dia, batendo 100 vezes na rede? Pois aconteceu! Autor da proeza? Rogério Ceni, em São Paulo 2 x 1 Corinthians, no 27 de março de 2006, pelo Campeonato Paulista, na Arena Barueri.

O tento saiu aos 8 minutos do segundo tempo, em bola parada. Quando o árbitro Guilherme Ceretta de Lima marcou falta, de Ralf, sobre Fernandinho, Ceni correu para a cobrança e a torcida tricolor paulista começou a gritar. Ele ajeitou a bola e mandou-a sobre a barreira corintiana, direcionando-a para o ângulo direito da baliza defendida pelo colega Júlio César, que chegou a tocar na pelota.

Bola na rede, Rogério Ceni tirou a camisa e correu em direção à sua torcida, abraçado pelos companheiros, enquanto foguetes (a diretoria do São Paulo estava preparada para o feito) espoucavam pelos cinco minutos seguintes. Até o placar do estádio comemorou, escrevendo numeração de 1 a 100 e o nome do goleiro.

O gol-100 de Rogério Ceni foi dedicado às suas duas filhas, ao clube e à sua torcida. Ele declarou à saída do gramado: “Foi como eu queria, de falta. É um objetivo que alcanço, algo que muito artilheiro não conseguiu. Venci um preconceito”.

Ao chegar à marca sensacional, Rogério Ceni era titular há pouco mais de um mês, após ter passado cinco temporadas na suplência de Zetti. Para a FIFA, no entanto, ainda faltavam dois gols para ele considerar “100nhado”, tendo em vista não considerar dois em jogos amistosos, contra o Combinado Santos/Flamengo, em 1998, e diante do Uralan, da Rússia, em 2000, ambos no Morumbi. Sem problemas: Rogério totalizou 131 tentos, entre cobranças de faltas e de pênaltis, num dos quais ele rolou a bola para Souza dar um toque antes do seu tento-63.

A história goleadora do Ceni começou no 15 de fevereiro de 1997, quando treinador são-paulino Muricy Ramalho permitiu-lhe bater uma falta contra o União São João, em Araras.

O jogo do gol-100 de Ceni, também, quebrou o tabu, de quatro temporadas, sem vitórias são-paulinas sobre os corintianos – Dagoberto fez o segundo e a formação do dia teve: Rogério Ceni; Rodholfo, Alex Silva, Mianda e Júnior César; Rodrigo Souto (Casemiro), Jean, Carlinhos Paraíba e Ilsinho (Marlos); Fernandinho (Rivaldo) e Dagoberto, escalados pelo treinador Paulo César Carpegiani. O Corinthians, de Tite, alinhou: Júlio César; Alessandro, Chicão, Leandro Castan e Fábio Santos (Danilo); Ralf, Paulinho, Morais, Cachito Ramirez e Jorge Henrique (Willian); Dentinho e Liédson.

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