Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Primeiro camisa 10 brasileiro

Arquivo Geral

15/08/2017 19h40

O leitor Otávio Ribeiro Santos, por e-mail, pergunta qual foi o primeiro camisa 10 do futebol brasileiro.

Veja bem, Otávio! Há pesquisas dizendo que teriam sido vários, por terem usado o 10, simultâneamente, durante a primeira rodada do Campeanto Carioca-1948, em 11 de julho. Pelo critério numeração por posição, teriam sido: Ismael (Vsc) e Cola, em Bonsucesso 1 x 2 Vasco da Gama, em Teixeira de Castro; Orlando “Pingo de Ouro”, em Fluminense 6 x 3 Canto do Rio, nas Laranjeiras; Otávio (Bota) e Jarbas, em São Cristóvão 4 x 0 Botafogo, em General Severiano; Jair Rosa Pinto (Fla), em Flamengo 5 x 0 Olaria, na Gávea; Lima (Ame) e Moacir de Paula, em Américaa 4 x 0 Bangu, em São Januário. Não descobri quem seriam os 10 do Canto do Rio e do Olaria.

Atribui-se ao inglês Hebert Chapman a ideia de numerar as camisas dos atletas, para identificação mais facilmente pelos árbitros, torcedores e por eles mesmos. Teria acontecido em 29 de abril de 1928, em Everton 3 x 0 Manchester City, em Wembley, com o primeiro numerado de 1 a 11 e o outro de 12 a 22 – não houve numeração para os reservas, porque substituições durante as partidas só a partir da década-1960.

Diante de 892.950 almas, no Wembley Stadium, a numeração dos times ficou assim: Everton: 1 – Ted Sagar; 2 – Billy Cook; 3 – Warney Cresswell; 4 – Cliff Britton; 5 – Tommy White; 6 – Jock Thomson; 7 Albert Geldard; 8 – James Dunn; 9 Dixie Dean (cap)10 – Tommy Johnson e 11 Jimmy Stein. Manchester City: 12 – Eric Brook; 13 Jimmy Mcullan; 14- Alec Herd; 15 – Boby Marshal; 16 – Ernie Toseland; 17 – Jackie Bray; 18 – Sam Cowanc (cap); 19 – Matt Busby; 20 – Bill Dale; 21 – Sid Can; 22 – Len Langford.

A Federação Inglesa de Futebol, no entanto, levou 11 anos para aceitar a ideia, considerando, até lá, tudo como experimentação. De sua parte, a FIFA só permitiu seleções numeradas a partir da Copa do Mundo-1950. Em 1954, para a Copa do Mundo da Suíça, a entidade mudou o sistema e os números corresponderam à inscrição do atleta. Entre os ingleses, 1 a 11 foi obrigatório até 1993. A tradição foi quebrada, em parte, no Mundial-1982, na Espanha, com o “english team” numerando por ordem alfabética, mas ficando o goleiro com a camisa 1 e o capitão com a 7.

Em 1974, a Holanda, na então Alemanha Ocidental também fez isso, mas reservou o número preferido, o 14, para o seu maior astro, Cruijff. O mesmo também fez a Argentina, de 1978 a 1986, guardando o 10 para Maradona, a partir de 1982. Hoje, usa-se os números 43, 54, 68, 100, a depender do que se comemore. Houve até o caso do marroquino Zerouali, que obteve autorização da Federação Escocesa para usar o número 0, no time do Aberdeen, para coincidir com o seu apelido.

No futebol brasileiro, o meia Jair Rosa Pinto costumava invocar ter sido o primeiro camisa 10, usada durante o Mundial-1950. Há pesquisas, porém, dando a estreia da camsia 10 no Brasil em 15 de maio de 1949, no estádio de São Januário e que o “cara” teria sido Orlando “Pingo de Ouro”, durante o amistoso Fluminense 1 x 5 Arsenal, quando o time inglês era tido como o mais forte do planeta.

Naquele prélio, o Fluminense alinhou: Castilho, Pindaro e Lorenzo (Índio); Pé de Valsa, Índio (Rubinho) e Mário (Ismael); Santo Cristo, Carlile (Orlando), Silas, Orlando (Didi) e Rodrigues. Observe, pela escalação que Índio e Orlando sairam e voltaram ao jogo – Swindin; Smith e Barnes; Mac Cauley, Daniels e Forbes; Mac Pherson, Logie, Roppert, Lishman e Wallace foi o time do Arsenal, no amistoso apitado pelo inglês Cecil Barrick, com gols de Lisham (4), Roppert e Orlando, e renda de Cr$ 994 mil, 510 cruzeiros, a moeda da época.

PRIMEIRÃO – Se foi em 1948, ou em 1949, Orlando estava nas duas. Quem foi este possível “primeiro” camisa 10 do futebol brasileiro? Nascido, em Recife (04.12. 1923), Orlando de Azevedo Viana viveu (até 05.08.2004) por 80 temporadas. Antes de chegar ao Flu, defendeu o Náutico-PE. Depois do Fluminense, passou por Santos, Botafogo e Atlético-MG. Pelo time tricolor foi campeão carioca-1946/1951; municipal/1948 e da Copa Rio-1952, autêntico Mundial Interclubes.

Orlando sagrou-se, também, campeão pernambucano-1945; mineiro-1955 e sul-americano-1949, título pela Seleção Brasileira, disputando três jogos e marcando gols (1) nos 5 x 1 Colômbia (17.04), no Pacaembu-SP, e (1) nos 7 x 1 Peru (1), em São Januário-RJ (24.04) – o seu outro jogo foi nos 5 x 1 Uruguai, novamente, em São Januário (30.04).Quando saiu campeão carioca-1946, o Fluminense do último jogo alinhou: Robertinho, Guálter e Haroldo; Pascoal, Telesca e Bigode; Pedro Amorim, Careca, Ademir Menezes, Orlando e Rodrigues. Pelos registros oficiais do clube, marcou 186 gols, em 310 jogos.

O jornalista José Araújo foi quem deu a Orlando o apelido marcante. Aconteceu por ter marcado quatro tentos, sobre o Bonsucesso, em jogo com campo enxarcado pela chuva. “Orlando parecia um pingo d’água, presente em todo o gramado e brilhando como se fosse ouro”, escreveu Araújo. Valeu, Otávio?

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado