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Histórias da Bola
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O ponteiro Dorval

Arquivo Geral

08/10/2018 11h38

Dorval deveria ser Durval, mas o escrivão do cartório que o registrou o seu nascimento – em 26 de fevereiro de 1935 – trocou o “u“ pelo “o”, e o seu pai nem percebeu, ao receber a certidão. Sem problemas. Seu Rodrigues deixou pra lá.

O garoto das vogais trocadas cresceu serelepe, na sua gaúcha Porto Alegre, cheio de energia, no bairro Caminho do Meio. Juntamente com dois irmãos ajudou a criar o Esporte Clube 24 de maio e, com a camisa azul e preto do time peladeiro passou a chamar a atenção de que o via rolando a pelota.

Com tanto talento sobrando, em 1953, Dorval pintou nos juvenis do Grêmio Porto-Alegrense. Mas ficou pouco. Em 1954, assinou contrato com o já extinto Força e Luz, passou duas temporadas na equipe e o amigo Arnaldo Figueiredo o levou para o Santos Futebol Clube. Treinou, agradou, foi contratado e, pouco depois, emprestado ao paulistano Juventus. De volta para os santistas, tornou-se proprietário absoluto da camisa 7 e chegou a Seleção Brasileira.

Embora tenha formado a linha atacante mais famosa do Santos – Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe -, ele queixava-se de ter sofrido grandes injustiças na Vila Belmiro, razão que apontava para a venda do seu passe ao argentino Racing.

Ao voltar a Santos, porque os argentinos não completaram o pagamento do seu passe, Dorval encontrou ambiente muito diferente dos velhos tempos em que o mítico ataque santista começou a ser formado. Sentiu-se, outra vez, vítima de fofocas e terminou encerrando a sua história “peixeira”. Conforme garantia, quando faltara a treinos fora devido à necessidade de procurar um local para morar com a mãe, Jardelina Rodrigues.

Aos 32 de idade, Dorval Rodrigues foi para o Palmeiras, garantindo não estar em final de carreira. Citava Bellini, Pelé, Ivair e Dino Sani, entre pouco, como contemporâneos que seguiam mandando brasa e queria provar que não era um sujeito mau caráter, como diziam os fofoqueiros santistas.

Dorval nem precisava mais jogar futebol. Tinha bom saldo bancário e alguns imóveis. No entanto, garantia ter fôlego para jogar por mais três temporadas e não sentia-se totalmente realizado futebolisticamente, embora tivesse ganho tudo o que disputara pelo Santos – só não havia jogado uma Copa do Mundo.

Dorval jogou 20 partidas pelo Palmeiras, durante o Campeonato Paulista-1967, entre 8 de julho e 26 de novembro, vencendo 12, empatando quatro, escorregando em mais quatro e tendo tido por treinadores Aymoré Moreira e Mário Travaglini. Embora tvesse jogado ao lado de gente como Dudu, Ademir da Guia e César “Maluco”, não marco gols palmeirenses.

Além do futebol, ele era um apaixonado pela música popular. Montou uma grande discoteca e, durante as folgas, passava longo tempo deitado, olhando para o teto da casa e ouvindo, principalmente, as vozes de Lucho Gatica e de Nélson Gonçalves.

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