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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Neném Prancha

Arquivo Geral

14/11/2018 12h09

Atualizada 19/11/2018 11h37

O maior filósofo do futebol brasileiro está esquecido. Chamava-se Neném Prancha, isto é, mais precisamente, Antônio Ferreira Franco de Oliveira. Autor de frases folclóricas – “Se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano terminara, sempre, empatado; Se concentração fosse bom, o time da penitenciária não perderia uma partida; Goleiro deve dormir abraçado à bola. Se for casado, com a bola e a mulher” – ele tentou ser craque, mas logo viu que não dava, complicando a vida de um time peladeiro chamado Carioca.

Para não ficar longe da pelota, ele trocou os gramados, pelas areias da praia de Copacabana, e foi ser treinador de crianças e adolescentes. Dizia sentir se o boleiro era craque “pelo cheiro”. Tanto que descobriu cracaços como Heleno de Freitas, eterno ídolo do Botafogo, e Leovegildo Júnior, lateral flamenguista que disputou duas
Copas do Mundo-1982/86.

Filho de biscateiro com uma empregada doméstica e nascido em Rezende-RJ, o filósofo Neném Prancha era alto e forte, tipo parrudão. As mãos mediam 23 centímetros de comprimento e os sapatos de n úmero 44 foram os responsáveis pelo apelido de “pranchático”. Sempre usando uma boina, bronqueava duro com quem não o obedecia, taticamente. Vaidoso, quando teve problemas com as vistas, recusou-se a usar óculos.

Para o Botafogo, trabalhou com os seus garotos infanto-juvenis, sem se contentar em ser apenas roupeiro e massagista do departamento de atletismo. Nas horas vagas, era olheiro.

Alguns pesquisadores da história do futebol brasileiro sustentam que nem todas as frases atribuídas a Neném Prancha saíram de sua cabeça. Teriam sido criações dos jornalistas Sandro Moreyra, Lúcio Rangel, Sérgio Porto, o “Stanislaw Ponte Preta”, e João Saldanha, que faziam de tudo para divulga-lo. Já houve até quem garantira nunca ter existido um tal de Neném Prancha, jurando ser personagem do Saldanha.

O certo é que ficaram na sua conta frases eternas. Anote: 1 – “O meu jogador é “indisplicente”, mistura de indisciplinado com displicente”; 2 – “Futebol não deve ser jogado pelo alto, pois a bola é de couro, que vem da vaca, que come grama”; 3 – “Goleiro é dono de posição tão amaldiçoadas que, onde ele pisa, nem nasce grama”; 4 – “Pênalti é algos tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube”.

Na verdade, Neném Prancha não falou última esta frase acima e que é considerada a “máxima das máximas” do folclore do futebol brasileiro. Ele contou a Ronald Alzuguir, um dos seus atletas nos times de base botafoguense, que falou, na verdade, isso “Pênalti é tão fácil (de cobrar) que até o presidente do clube pode bater”. As versões ficam por conta de Sandro Moreyra e João Saldanha, principalmente.

Neném Pranha passou 69 temporadas neste planeta, tornando-se uma pessoa espiritual em 1976, levado por um enfarto, quando estava internado em um hospital do bairro de Botafogo. Assim com nasceu, partiu pobre de grana, mas rico de fama, histórias e lendas.

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