Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Marketing Collorido

Arquivo Geral

06/07/2018 11h58

A Seleção Brasileira treinava, em maio de 1990, em Teresópolis-RJ, para tentar o seu quarto título em Copas do Mundo. Foi quando o presidente (da República) Fernando Collor de Mello, que havia presidido o Centro Sportivo Alagoano-CSA viu pela frente um grande lance.

Collor não perdeu etmpo. Ordenou aos seus assessores para marca um treino do escrete nacional com a sua participação, um gol de marketing – ele já havia vendido ao país a imagem de um presidente jovem e cheio de energia, fazendo caminhadas e corridas, aos domingos, e navegando a bordo de jet ski pelo Lago Norte de Brasília. Sem falar que batia uma bolinha com a turma do azulino de Maceió, em seus tempos de chefe do clube.

Encontro marcado, a Seleção Brasileira teria um amistoso a ser jogado com o time da então Alemanha Orienta, no dia seguinte à visita de Collor – 13 de maio, diante de 58.898 pagantes, terminado nos 3 x 3 com os visitantes. O presidente chegou sorridente e cumprimentou todos os canarinhos – Taffarel, Mozer, Aldair, Ricardo Gomes, Jorginho Amorimm, Dunga, Alemão, Valdo, Miller, Careca (titulares), Mauro Galvão, Bismarck, Bebeto, Branco, Mazinho, Zé Carlos, Sebastião Lazaaroni (treinador), enfim, todo o grupo. E, ainda, telefonou para o goelador Romário, que estava na Holanda, tratando de lesão.

No meio de tantas feras, Collor teria que mostrar conhecer tanto de bola quanto de governos, para o marketing sair legal. Só havia um problema: ele queixava-se de dor em um dos joelhos. Mesmo assim, vestiu a camisa de número 20 canarinha, o de sua campamha à Presidência da República, e apresentou-se para a peleja. Mas São Pedro não colaborou. Abriu a torneira do Céu e mandou chuviscos pra baixo, atrapalhando o marketing do Palácio do Planalto. Então, armaram um arremedo de futebol de salão em um ginásio coberto da Granja Comary.

Antes de a bola rolar, Collor posou para foto, junto com o seu time, ao lado de Lazaroni, o apoiador Alemão, o goleiro Zé Carlos e mais o atacante Careca e o zagueiro Ricardo Gomes. Fez ginástica de aquecimento e rolou a bola, sem demonstrar merecer vaga no escrete nacional.

Lá pelas tantas, foi marcado um pênalti a favor do time do chefe da nação. Se pênalti era coisa tão importante que o presidente do clube era quem deveria bater, Collor usou, literalmente, da frase atribuída ao treinador (de futebol em praias) carioca, Neném Prancha, recomendando tal prática. E foi para a cobrança.

Os fotógrafos e cinegrafistas se postaram para registrar o gol do presidente da República. Ele correu para a bola e foi sacaneado pelo apoiador Dunga, que puxou uma de suas pernas. Ordenada uma nova cobrança, Collor pegou de bico de tênis na pelota, com o pé direito, mandando um petardo à meia altura. E saiu pro abraço. Só um detalhe: o goleiro Taffarel encenou bem e não fez nenhuma questão de defender. À noite, foi manchete em todos os noticiários da TV: “Presidente Coloor treina com a Seleção Brasileira e marca um gol”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado