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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Gestual

Arquivo Geral

02/12/2018 12h21

Atualizada 07/12/2018 12h43

Há gestos que ficaram por longo tempo na memória do torcedor e foram bastante imitados. Alguns já estão esquecidos, pois o o rolar da vida está ali mesmo na esquina preparando novas tendências. Mas há dezenas de fotos e filmes para a história deles ser lembrada.

Um dos gestos mais marcantes para o brasileiro foi o do capitão da Seleção Brasileira, Hideraldo Luís Bellini, erguendo a Taça Jules Rimet, da Copa do Mundo-1958, na Suécia. Aconteceu por inteiro acaso. Ele o fez atendendo pedido dos fotógrafos, que não viam o caneco em suas mãos, durante os cumprimentos aos campeões mundiais, inclusive por parte do Rei Gustavo Adolfo. A partir de então, todos os capitães ganhadores de Mundiais o repetiram.

Como a Copa do Mundo só ocorre há cada quatro temporadas, o próximo gesto a ficar popular foi o soco no ar, desferido por Pelé, no 2 de agosto de 1959, ao marcar um gol, contra o Juventus. Foi a sua resposta às vaias que recebia, como se quisesse bater na cara de quem o maltratava. Ficou no gestual dos atletas, indispensavelmente, por mais de três décadas. De vez em quando, alguém o repete.

A década-1980 foi uma das mais pródigas em “invencionices” por jogadores do futebol brasileiro, após a marcação de gols. Uns faziam estar enchendo uma bola, outros caretas, coreografias de danças, enfim, o que pudessem para alavancar o festejo.

Por aquela fase, um gesto que também pegou legal e ficou por muitas temporadas sendo repetido foi o do atacante Tita, do Vasco da Gama, correndo com o rosto coberto, pela camisa, após balançar a rede do Flamengo.

Era a tarde do 9 de agosto de 1987, no Maracanã, e os vascaínos não eram campeões estaduais há cinco disputas. O time daquela disputa era fortíssimo, contando com o goleiro Acácio, um dos melhores da história do clube; os laterais Paulo Roberto ‘Gaúcho” e Mazinho, o zagueiro Donato (naturalizou-se espanhol e jogou pela “Fúria”; os apoiadores Dunga e Geovani, além dos atacantes Roberto Dinamite e Romário. Tita caiu como uma luva naquele time, tendo marcado 14 gols durante o campeonato – superado por Romário (16) e Roberto Dinamite (15).

Revelado pelo Flamengo, o atacante Mílton Queioroz da Paixão, o Tita, fez aquilo para não ver o sofrimento que causara a uma imensa torcida que tanto o aplaudira. Como os torcedores vascaínos não gostaram, ele teve de se virar e arranjar uma desculpa que não colou muito: “Hoje, me sinto mais próximo do Vasco do que do Flamengo”.

Outros gestos, como beijar a aliança, desenhar um coração e imitar bichos já valeram muito, mas não tanto quanto imitar quem balança um bebê. O autor dessa foi o baiano Bebeto – José Roberto Gama de Oliveira -, comemorar o nascimento do filho Mateus, no Rio de Janeiro, quando ele estava nos Estados Unidos, marcando um gol contra a Holanda – foi acompanhado por Romário e Mazinho – durante a campanha do tetra do escrete nacional-1994 – ainda não saiu de moda.

Fora dos gramados, talvez, a comemoração mais emblemática teve cunho político e foi perpetrada por Tommie Smith e John Carlos, dos Estados Unidos, durante as Olimpíadas México-1968. Ao subirem ao pódio para serem medalhados, respectivamente, pelos primeiro e terceiro lugares na prova dos 200 metros rasos do atletismo, enquanto tocava o hino nacional do seu pais, eles ergueram os punhos fechados, imitando uma saudação típica dos radicais Panteras Negras.

O Comitê Olímpico Internacional, que não incluíra a racista África do Sul nos Jogos, exigiu e a delegação norte-americana expulsou os dois medalhistas da sua equipe. A partir de então, a maioria dos atletas negros norte-americanos passaram a participar de cerimônia de premiação usando boina e meias pretas, como protesto.

No futebol brasileiro, o atacante Reinaldo Lima, do Atlético-MG, usou muito o gesto de colocar uma mão fechadas atrás do corpo e erguer o punho fechado, com a outra, comemorando os seus gols. Inclusive, o fez durante Brasil 1 x 1 Suécia, abrindo a participação canarinha no Mundial-1978, na Argentina.

Atualmente, o gesto mais marcante é o criado pelo português Cristiano Ronaldo, que, ao balançar a rede, pulo verticalmente e aterrissa apontando para o gamado, com o aviso: “Eu estou aqui”.

Das tanta comemorações de gol, três ficaram antipaticíssimas: 1 – chupar o dedo, como se chamasse o adversário “criança invejosa”; 2 – tirar a camisa, por impedir que o patrocinador seja mostrado pela TV, no grande momento do futebol; 3 – e levar um dedo em riste aos lábios, exigindo silêncio da torcida rival. Nada pior do que mandar uma torcida calar o bico – é nessas coisas, porém, que reside a graça do futebol. Vamos ver quais serão as próximas.

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