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Histórias da Bola
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FLAMENGO SALVA O HONVÉD

Arquivo Geral

16/05/2018 12h26

O primeiro de novembro de 1956 marca uma data importante na história do futebol, não mais lembrada pelos historiadores. Naquele dia, 27 representantes do Honvéd entravam em um ônibus, com destino à Áustria, autorizados pelos dirigentes do país a excursionarem ao exterior, tendo o giro se tornado uma ode à liberade – a Hungria vivia um momento político dificílimo, como veremos adiante.

O Honvéd tinha até 31 de março de 1957 para ficar fora do país. Mas recusou-se a voltar pra casa, ameaçado, também, pela FIFA. Foi então que Flamengo e Botafogo trouxeram-no ao Maracanã.

Antes de vir ao Brasil, o time húngaro seguia invicto pela Europa – 4 x 3 Racing-FRA; 4 x 3 Barcelona-ESP; 5 x 5 Seleção de Madrid-ESP; 3 x 2 Milan-ITA; 6 x 3 Palermo-ITA; 9 x 2 Catânia-ITA e 3 x 2 e 3 x 3 Athletic Bilbáo-ESP. Há uma semana do Natal, a turma estava na Bélgica e foi visitada pelo vice-ministro dos esportes do governo húngaro, Gustav Sebes, segundo o qual a sua missão seria informar ao governo de Budapest sobre as tratativas para uma excursão à América do Sul, pois haviam notícias de que o Honvéd não conseguiria o visto de entrada no Brasil.

A situação ficou angustiante. O tempo passava e o governo brasileiro não se manifestava. Até que o Flamengo enviou telegrama informando que as passagens já estavam à disposição do time e os vistos de entrada no Brasil já liberados.

Voltar à Hungria era tudo o que os jogadores do Honvéd não desejavam. A emoção pela telegrama fora tanta que Puskas, o maior craque do mundo de então, chorou. Outros jogadores gritavam, de tanta alegria. A rapaziada estava na italiana Milão e a euforia pela ordem de embarque fez do barbeiro ao porteiro do hotel abraçarem os atletas, em comemoração.

Para o Flamengo, encarar a FIFA fora um ato de coragem, pois a Federação Húngara de Futebol havia conseguido junto à entidade comandante do futebol mundial a proibição da sequência dos jogos do Honvéd. Segundo o chefe da delegação, Emil Oestreicher, em declarações à revista “O Cruzeiro” (02.02.2957), se não fora o Flamengo, o seu clube se extinguiria no 31 de março vindouro, podendo ocorrer o mesmo com a carreira dos seus atletas que haviam encantado o planeta durante a Copa do Mundo-1954, quando não foram campeões porque a arbitragem anulara um gol legal deles, na partida final, contra a Alemanha.

No Rio de Janeiro, o Hovéd estreou batido, pelo Flamengo, por 6 x 4. Mas a rapaziada chegou recebida como os atuais ‘pop star” do rock. Fora levada a várias recepções, comeu desregradamente, cumpriu verdadeiro programa de turista, algo inteiramente incompatível com a vida de atleta. Naquela situação, encarar jovens e velozes atacantes como Paulinho, Moacir, Dida e Babá era um convite à goleada. No entanto, a turma deu uma segurada na onda, cuidou do preparo físico e, quatro dias depois, mandou 4 x 2 Botafogo. No segundo embate com o Flamengo, devolveu 6 x 4.

Grosics (Farago), Rakoczi e Banyai; Boszik, Kotasz e Lantos (Dudás); Budai (Sandor), Kocsis, Szuza, Puskas e Czibor (Szolnok) foram jogadores utilizados pelo Honvéd no Maracanã

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