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Histórias da Bola
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ELY, O POBRETÃO

Arquivo Geral

08/05/2018 13h31

 

Cinco vezes campeão carioca – invicto, em duas delas -, entre 1945 e 1952, Ely do Amparo colecionou faixas, menos dinheiro. Foi o que muito chorou após pendurar as chuteiras.

Tirado do Canto do Rio, em, 1944, pela então astronômica soma de Cr$ 350 mil cruzeiros, o Vasco só lhe deu “quientinho” de salário, para trabalhar duro nas caldeiras do “Expresso da Vitória”, uma das locomotivas mais fortes do planeta durante a década-1950. Mesmo quando defendeu a seleção carioca, em 1946, Ely ainda ganhava pouco, embolsando só “milão” mensal.

Em toda a sua carreira, Ely jamais recebeu luvas, tendo em seu último contrato com o “Almirante” lhe rendido apenas CR$ 16 mil. Mas nem só de misérias à boca do cofre ele teve histórias para contar, Foi xerifão das zagas vascaína e da Seleção Brasileira. Para os adversários, ele era um desalmado, o que sempre contestou, afirmando que jogava duro, mas sem ser um “cavalo” bravo.

Ely citava muito dois exemplos de violências praticadas por adversários: 1 – Spinelli, do São Cristóvão, com uma sarrafada, jogara Djalma (ponta-direita vascaíno) pra fora de campo. Ao reclamar, fora chamado por “macaquito” e ameaçado de também ser quebrado. “Na primeira dividida entre nós, ele levou a pior”; 2 – Jogando contra o Flamengo, o (centroavante) Pirillo lhe dava socos em todos os lances que disputavam. Respondeu com um pontapé e levou um “jab” (soco no queixo, muito usado em boxe).

Para justificar o seu jogo duro, Ely, sustentava que os jogadores brasileiros, dificilmente, conseguiam sucessos internacionais porque eram covardes. “…parecem freiras entrando no convento”, disse à revista carioca “Manchete Esportiva” de 23 de novembro de 1957.

Ely do Amparo (1921 a 1991), nascido em Paracambi-RJ, admitia o atleta ter a sua fé religiosa, mas achava ridículo vê-lo entrar em campo com o pé direito, beijando a medalhinha do seu santo de devoção e fazendo o sinal da cruz, publicamente. Para ele, que o fizesse distante da torcida.

Em 1949, o treinador Zezé Moreira promoveu Ely a capitão da Seleção Brasileira que disputaria o Pan-Americano, por concordar com o xerifão vascaíno que não daria para brigar por título sem peito, gritos e encarando todas as catimbas dos adversários. Ely chamou a rapaziada no canto e avisou que, quem não jogasse sendo uma fera, teria de se ver com ele. E deu o exemplo quando o atacante valentão uruguaio Carballo tentou amedronta-lo. Morenão alto, forte e com fama de mau, Ely o deixou mansinho – Brasil 4 x 2, em 16.04.1952.

No jogo seguinte – Brasil 3 x 0 Chile, em 20.04.1952 -, Ademir Menezes marcou os dois primeiros gols e passou a morcegar. Mesmo sendo seu companheiro no Vasco da Gama, Ely o jogou para fora de campo e mandou Zezé Moreira colocar Pinga no lugar do “morceguinho”. O chefe obedeceu-lhe e Pinga marcou o terceiro tento. Ely era assim, Por isso, voltou campeão.

Três temporadas depois, já em final de carreira, Ely foi jogar pelo Sport Recife. Fo campeão pernambucano e parou, em 1956. Sempre mal pago.

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