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Histórias da Bola
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Dida do Cardoso

Arquivo Geral

20/07/2017 20h05

O presidente Gilberto Cardoso levou para o Flamengo o maior ídolo de sua torcida: Dida, isto é, Edvaldo Alves de Santa Rosa, autor de 264 gols, em 357 jogos, disputados entre 1954 e 1963. A partir da décadas-1970, a imprensa carioca começou a dizer que Zico – Arthur Antunes Coimbra – já era o novo dono da glória, quando ultrapassou o número de tentos do atacante que fora o seu ídolo. No entanto, para alguns pesquisadores, isso é bastante discutível, citando que, nos tempos em que Dida sacudia a torcida rubro-negra, jogava-se menos, não havia televisão e a população brasileira era menor.

Discussão à parte, de tão apaixonado que era pelo Flamengo, ao ser informado, por gente do voleibol, pelos inícios de janeiro de 1954, de que, em Alagoas, havia um terrível goleador, Gilberto Cardoso não perdeu tempo. Enviou-lhe uma carta e uma delegação a Maceió a fim de leva-lo para a Gávea.

Dida demorou a decidir-se e só em maio deixou as Alagoas, pegando carona em um avião da FAB-Força Aérea Brasileira. Durante a viagem, passou mal e foi preciso a aeronave descer em Salvador, para ele ir ao médico. Diagnosticado com icterícia, quase ficou internado em um hospital da Bahia.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, Dida não foi para o local onde o Flamengo hospedava os seus jogadores solteiros e sem família na cidade. Gilberto Cardoso levou-o para a sua casa, pois principais jogadores rubro-negros excursionavam à Europa e ele não considerava conveniente deixar sozinho em uma cidade turbulenta um rapaz que jamais estivera longe de sua família. Foram três meses de hospedagem e total assistência médica, já que ele era, também, médico.

Enquanto recebia aquela ajuda do presidente, Dida treinava, com ex-atletas, que iam sempre à Gávea bater uma bolinha, temendo engordar. Só quando a delegação rubro-negra voltou, Cardoso permitiu que o atleta se mudasse para a concentração do clube, que o incluiu entre os atletas aspirantes, categoria abolida na década-1960.

Em 1954, quando Gilberto Cardoso mandou buscar Dida, o Flamengo estava com um time bem montado, pelo treinador paraguaio Fleitas Solich, que havia sido campeão carioca na temporada anterior. Dida enchia Gilberto Cardoso de satisfação, arrebentando no time dos chamados “esfria sol”, já que os “aspiras'” faziam os jogos preliminares das rodadas cariocas. O homem sentiu-se mais do que recompensado pelo apoio dado ao jovem alagoano, em 17 de outubro de 1954, ao assistir Dida estreando pelo time A, nos 2 x 1 Vasco da Gama, com boa atuação dele.

Em 21 de novembro, depois de ter entrado, também, no 0 x 0 Fluminense, Dida marcou o seu primerio gol oficial rubro-negro, nos 2 x 1 Portuguesa-RJ, o que valeu uma grande mexida na cadeira por parte de Gilberto Cardoso. Naquele lance, ele vira que acertara, no alvo, ao dar ouvidos à sua turma do vôlei.

Mas o que deveria ter sido a emoção maior de Gilberto Cardoso não aconteceu. Quando o Flamengo chegou ao tricampeonato estadual, ele não pôde assistir ao show de Dida, na partida final, contra o América, já em 21 de janeiro de 1956. Para a torcida do Flamengo, fora ele quem, “lá do Céu, sussurrara nos ouvidos de Solich”, minutos antes da partida, para escalar Dida, surpreendentemente – Dida marcou três gols nos 4 x 1 rubro-negros, saindo do Maracanã como herói e pavimentando a sua estrada para chegar à Seleção Brasileira e ser campeão mundial-1958.

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