Ninguém botafa fé em recuperação do time candango, naquele sábado, diante do forte “Tricolor dos Pampas”. Afinal, na quarta-feira, a rapaziada levara 1 x 0 do Atlético-MG, de forma apática, desentrosada, indecisa. Então, só 2.428 pagantes se animaram a irem ao Pelezão – e se surpreenderam.
O Ceub avisou, logo, que deixaria as pisadas na bola no passado e não respeitaria o poder do declarado favorito gaúcho. O encarou no mesmo sistema tático 4-3-3 trazidos por eles, com variações para o 4-4-2, e saiu de campo injustiçado pelo 1 x 1 no placar.
Por causa da fraca atuação diante do “Galo”, o treinador João Avelino barrou Enísio, Cláudio, Péricles e Valmir, e mandou para o jogo Noel, Jadir, Xisté e Marco Antônio. Os “entrantes” corresponderam legal. Noel marcou mais em cima; Jadir obstruiu, prendeu bola, catimbou e orientou a rapaziada, levando a campo tudo o que aprendera em seus tempos de gremista. Fora o o feitiço contra o feiticeiro; Xisté armou eficientemente e ainda aproximou-se do centroavante Dario Paracatu durante os ataques, enquanto Marco Antônio levou mais agressividade aos ataques.
O Grêmio-RS viu que a parada seria dura a partir de quando todas as suas investidas terminavam nos pés do seu ex-jogador Jadir, que colocava-se à frente da zaga, permitindo mais movimentação para o veteraníssimo Oldair e o meia Xisté. Com aquilo, o Ceub foi se arrumando melhor na partida e até começou a se impor. Suas tentativas de gols saíam com lançamentos em profundidade para Dario e para Marco Antônio chutar, saindo de penetrações em diagonal.
Mesmo com o Ceub impetuoso, inclusive, com Oldair mandando uma bola contra o travessão dos gaúchos, foi o time gaúcho que abriu o placar. Bolívar recebeu a bola, pela esquerda, e chutou, aparentemente, sem perigo de gol. A pelota, no entanto, quicou no chão, bateu no peito do goleiro Rogério e sobrou para o argentino Oberti marcar.
O empate, porém, viria, ainda, naquele primeiro tempo. Começou a nascer de bola esticada para Tuca, pela ponta-esquerda. Este fez um centro, pelo alto, para a área dos gaúchos, tendo Marco Antônio disputado a bola com o goleiro Picasso, sobrando rebote par Rildo igualar a conta: 1 x 1, o placar final, pois o segundo tempo foi de alternância de domínios e sem pés certeiros, como os de Marco Antônio que, aos 65 minutos, teve tudo para marcar, mas chutou a bola em cima de Picasso.
Apitado por Alaor Rodrigues, auxiliado por Calos Amaral e Djalma Neves, o jogo rendeu Cr$ 24 mil, 280 cruzeiros, deixando um grande prejuízo para o Ceub, que esperava arrecadar Cr$ 50 mil e pagara a metade disso aos gremistas, pois a CBD exigia uma cota mínima para os “grandes clubes” do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e do Rio Grande do Sul.
O Ceub, daquele 11 de agosto de 1973, atuou com: Rogério; Noel, Paulo Lumimba, Emerson Braga e Rildo; Jadir, Oldair Barchi e Xisté; Marco Antônio, Dario e Tuca (Dinarte). O Grêmio-RS teve: Picasso; Cláudio, Ancheta (Renato), Beto e Everaldo; Carlos Alberto e Humberto Ramos; Carlinhos, Mazinho, Oberti e Bolívar (Loivo).
DETALHES:
1 – Politicamente incorreto, o Ceub ofereceu, ao lateral-esquerdo gremista Everaldo, campeão mundial-1970, no México, placa comemorativa à sua volta aos gramados. O jogador passara uma temporada suspenso, pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Desportos, por agressão ao árbitro José Faville Neto;
2 – o autor do tento gremistas, o argentino Oberti, é o marcador do primeiro gol do Campeonato Brasileiro, em 1971;
3 – o ponteiro-esquerdo ceubense Tuca, irmão do centroavante Ferreti, que ficou famoso pela estatura incomum a atletas brasileiros, defendendo o Botafogo, foi para o México e, após encerrar a carreira, tornou-se um dos principais teinadores do país, com o nome de Tuca Ferreti;
4 – um dos presentes à partida foi o governador do Distrito Federal, o gaúcho e coronel Hélio Prates da Silveira, que vibrou muito quando Rildo, eleito o melhor em campo, empatou a peleja.
