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Histórias da Bola
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Casamento do goleiro

Arquivo Geral

09/11/2017 11h57

Com apenas nove jogos pelo São Paulo, que o tirara do Atlético-PR, o goleiro Raul topou ir para o Cruzeiro, como contrapeso, na transação que levara o goleiro Fábio, do clube mineiro para o paulistano. Sorte a dele. Tornou-se o goleiro mais famoso do país e participou de um dos maiores times já formados no futebol brasileiro. De sua parte, Fábio foi desaparecendo.

Três fatos contribuíam para o sucesso de Raul: era um sujeito bonitão, bom goleiro e, ainda, contou com o acaso colocando uma camisa amarela em seu caminho. Tudo porque a jaqueta 1 que deveria usar não coube nele, e o seu colega Neco tinha uma blusa de frio que parecia ter sido comprada para ele.

Aconteceu! Raul assombrou a conservadora torcida mineira, lançando moda, involuntariamente. Ganhou fã clube das gatinhas mineiras que passaram a vestirem-se de amarelo para torcerem pelo Cruzeiro.

Pentacampeão mineiro –1965 a 1969 – e da Taça Brasil –1966 –, desbancando o Santos, de Pelé, e jogando ao lado de Tostão, Dirceu Lopes, Natal e Wilson Piazza, os principais do times, Raul vi0oveu a glória que um goleiro jamais imaginaria atuando pelos gamados brasucas. Se o Cruzeiro levava mais de 100 mil torcedores a um jogo, no Mineirão, uma boa parte era da sua torcida feminina.

Um dia, porém, Raul desagradou ao seu fã clube. Anunciu o seu casamento, com Maria Carmem, uma estudante de enfermagen e de artes plásticas. Foi o bastante para o caso de amor ser transformado em ameaças e acusações. Muitas garotas disessrm-se gravidas do goleiro e não aceitavam o seu casamento com outra. Prometeram tumultuar o casamento do antigo ídolo.

Era 15 de dezembro de 1969, quando Raul compareceu à belo-horizontina Basílica de Lourdes para casar-se. Para isso, foi preciso pedir proteção à PM, que enviou 42 homens e quatro radiopatrulhas que lhe deram segurança – e, principalmente, à sua assustada sogra Nair. Mesmo assim, o grande aparato policial não conseguiu impedir que, desde às 14 horas, as fãs começassem a invadir o templo católico.

Foi o acontecimento social do ano, em BH. Duas TVs transmitiram, ao vivo, choros, gritos histéricos de fãs, empurrões, tudo o que rolava. Em 30 anos de vida da basílica, jamais acontecera algo igual, segund os padres das paróquia.

Às 18h15, Raul Guilherme Plasmann, cidadão paranaense, de Antonina (27.09.1944) caminhou para o altrar, levado pelos seus pais. Vendo-o passar, estavam vários dos seus colegas de times, entr eles os astros Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Evaldo e Fontana, que, também, foram aclamados pelos torcedores.

Pouco depois, surgiu Maria Carmen, levada pela mãe e tendo por padrinho o ex-presidente da república Juscelino Kubitscheck. Àquele instante, a maioria dos presentes estava em cima dos bancos. Os fotógrafos só faltaram sbir no altar para clicar o padre Isidoro de Nadai – cruzeirense fanático, bem como os outros seis padres da paróquia – celebrando o casasmento.

Passado casório e chegada a convocação da Seleção Brasileira que iria treinar para a Copa do Mundo-1970, Raul não fora convocado. Achava que lhe atraplhara a fama de muito mulherengo, conquistador. Garantia que o casmento o levara para longe “dos tempos do homem da camisa amarela”, quando revistas e jornais o chamava de galã e, por ser cabeludo, de “beatle dos gramados”.

Raul disputou 806 jogos como profissional do futebol, dos quais 557 pelo Cruzeiro, o que o torna o quinto atleta com mais atuações pela “Raposa” – só Fábio (goleiro) 741; Zé Carlos (apoiador) 628; Dirceu Lopes (meia-atacante) 601 e Wilson Piazza (volante) 559 estão à sua frente. Ele suplanta Wanderley (lateral) 536; Pedro Paulo (lateral) 395; Tostão (meia-atacante) 378 e Natal (ponteiro) 254, entre os campeões que deram fama nmacional ao clubes.

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