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Brasília

É melhor investigar do que desqualificar o denunciante

Arquivo Geral

22/07/2016 6h43

Atualizada 21/07/2016 22h46

Josemar Gonçalves

O governador Rodrigo Rollemberg respondeu muito mal às acusações da presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues. Optou pela tática da desqualificação da denunciante e da demonstração de indignação. Ambas não funcionam há muito tempo, pois as pessoas já viram, nos últimos meses, centenas de acusados e notórios culpados recorrerem a elas. Ninguém mais sabe diferenciar a indignação do inocente do fingimento do culpado.

Essas táticas, hoje, não passam credibilidade e criam desconfianças. O governador está certíssimo em dizer que interesses poderosos, milionários e corporativos estão sendo contrariados na área de saúde, que há fortes resistências às organizações sociais e que as acusações que Marli faz a ele e à sua mulher, entre outros, não estão provadas e nenhum fato concreto foi apresentado.

Mas, diante do que mostram as gravações e do organograma montado por um ex-integrante de seu governo, o governador deveria é ter manifestado total interesse na plena apuração de tudo e oferecido ao Ministério Público, à Polícia Civil e até à Câmara Legislativa todas as facilidades para investigar as denúncias. Mesmo demonstrando, com razão, sua indignação. Mas com calma e tranquilidade.

A primeira gravação tem sido esquecida

A história das gravações da presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, começou com uma tentativa de extorsão de que foi vítima. Ela foi achacada, em novembro do ano passado, por dois servidores da Secretaria de Administração, que recém havia se fundido à Secretaria de Planejamento, e por um assessor da vice-governadoria. Os três pediram R$ 214 mil para que o sindicato continuasse a receber os repasses das contribuições descontadas em folha. Marli gravou a conversa. A versão do que se passou depois é contada por pessoa próxima a ela. Alguns fatos são confirmados por pessoas do governo.

Vice pediu a conversa com Marli

A tentativa de extorsão foi denunciada ao chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio. Ele então encaminhou a presidente do SindSaúde ao diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, que recebeu a gravação e disse que investigaria o fato. O mesmo assessor do vice-governador Renato Santana que teria tentado a extorsão pediu a Marli que recebesse seu chefe para uma conversa. Marli achou que o assunto poderia ser o mesmo e por isso se preparou para gravar a conversa, que foi na casa do assessor do vice-governador. Mas Santana não tocou no assunto e a conversa enveredou para outros temas. Essa foi uma das gravações que vazaram na semana passada.

Um na Câmara, outro na Vice

Daí em diante, Marli gravou não só outra conversa com Santana, na casa dela, como mais sete, com outros interlocutores. Nessas conversas foram feitas as acusações de corrupção na Secretaria de Saúde, que ela acabou endossando na CPI. Em maio, diante da falta de conclusão das investigações sobre a extorsão por parte do governo, a denúncia foi apresentada novamente, agora à secretária de Planejamento, Leany Lemos, que a encaminhou à Polícia Civil e à Corregedoria Geral. Enquanto as investigações não são concluídas, Leany exonerou um dos servidores de sua secretaria, mas o outro já tinha sido cedido à Câmara Legislativa, a pedido da deputada Celina Leão. O assessor de Santana continua no cargo.

Exposição demais atrapalha

Todas as gravações, inclusive da extorsão, foram entregues por Marli Rodrigues ao Ministério Público. Os promotores não gostaram de ver vazar algumas gravações, por um ex-assessor do SindSaúde, e muito menos da ida de Marli à CPI da Saúde. Eles acham que essa exposição atrapalha as investigações.
Marli não estava mentindo, pois, quando disse que tinha recebido a recomendação de nada falar aos deputados.

Mais uma mentira do blogueiro ficcionista

Um desses blogueiros que confunde jornalismo e ficção já inventou muitas histórias sobre este colunista. Todas, sem uma só exceção, mentirosas. Agora criou mais uma, tão absurda quanto incoerente. Em respeito aos que leram as ficções do blogueiro, aponto as mentiras que escreveu sobre mim:
– Não vivo “a expensas (sic) dos cofres do Buriti” e nem presto consultoria ao governo de Brasília ou a qualquer órgão público de qualquer esfera. Nunca recebi um só centavo do governo de Brasília ou de qualquer governo, além de minha aposentadoria da UnB, desde que deixei a Casa Civil.
– Obviamente não armei nenhuma trama “para derrubar Rollemberg”. Nem participei de nenhuma conversa nesse sentido, até porque não está entre meus objetivos derrubar Rollemberg.
– Nunca almocei ou tomei café ou me encontrei, em qualquer lugar, com as pessoas citadas por ele. Não vejo as pessoas citadas há muitos meses, alguns há mais de um ano, e nunca estivemos, os quatro, juntos.

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