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Cinema com ela
Cinema com ela

O necessário cinema de minoria

Arquivo Geral

24/05/2018 21h18

Esse subgênero, quando o cinema surgiu, era inteiramente nulo. Até porque no princípio, o cinema existia apenas por entretenimento. Porém, um dos motivos em que a sétima arte ganhou espaço no mundo foi como espelho da realidade, por isso, um viés protestante foi ganhando forma aos pouquinhos e atualmente é um nicho indispensável.

 

As primeiras aparições

As dívidas históricas foram as primeiras como justificativa para desenvolvimento de projetos. Começando pelo holocausto. Tanto filmes específicos do tema como O Diário de Anne Frank (1959) quanto aqueles que pincelam o que os judeus viveram como Confissões de um Espião Nazista (1939) deram start neste movimento.

Com a crise de 1929, o cinema norte-americano foi remodelado para que os espectadores vissem o mundo com “mais cores”, surgindo assim paródias que retratassem ou trouxessem à tela temáticas de inclusão como O Grande Ditador.

Outra pendência histórica da humanidade em que o cinema retrata com muito primor é sobre a escravidão. “Ah, mas têm muitas décadas que o cinema fala sobre a escravidão”. Defendo que enquanto não somarem milhares, ainda não vou declarar suficiência.  

A maior vantagem da sétima arte é a sua possibilidade de expandir temas e narrativas. Por enquanto, a escravatura não atingiu muitas expansões. Alguns títulos subversivos impõem essa amplitude de narrativa como Django Livre e Conduzindo Miss Daisy, exemplos que impossibilitam esse esgotamento do segmento.

Jamie Foxx em Django Livre. Exemplo de cinema subversivo de minoria

O âmbito LGBT+

Era preciso coragem para roteirizar e realizar um filme LGBT+ até uns 40 anos atrás. Quem conseguiu estabelecer o marco apenas dentro do cinema underground foi o italiano Um Dia Muito Especial, em 1979. Outro cineasta que desafiou a plateia americana na década de 1970, foi William Friedkin.

Antes de chocar inteiramente o mundo com O Exorcista (1973), o diretor lançou Os Rapazes da Banda. Filme sobre amigos gays que expunham todas suas inseguranças, intrigas e expectativas. Fazendo referências no formato de narrativa ao estupendo Quem tem Medo de Virgínia Woolf, com Elizabeth Taylor e Richard Burton.

Os Rapazes da Banda: um dos primeiros filmes da história do cinema sobre a temática LGBT+

O longa-metragem de Friedkin funcionou como síntese e precursor do cinema LGBT+ nos EUA. Além disso, outro grande mérito foi explorar como este gênero é rico para desenvolver personagens. Além do roteirista precisar argumentar a personalidade dos protagonistas, ele ainda tinha que mostrar em tela quais consequências isso gerava ao filme.

Por mais que Os Garotos da Banda tenha um início controverso, o cinema precisou dar continuidade como reflexo da realidade e levou a temática HIV juntamente com o universo LGBT+. Filadélfia com Tom Hanks e  A Normal Heart, de Ryan Murphy.

Com a evolução dos debates sobre minorias atualmente, a sétima arte está conseguindo tirar proveito disso. Como disse, por ser um nicho muito específico, tais filmes atingiam apenas um mercado mais underground e mesmo assim não era tão inclusivo, felizmente, essa realidade tem mudado com muita dignidade. Não é preciso nem citar Moonlight, certo? Vencedor do Oscar de 2017 que revolucionou a visão de representatividade no cinema comercial.

Esse ano, a adaptação literária Com Amor, Simon conseguiu, mesmo que sutilmente, desvincular aquela imagem de que todo filme LGBT+ deveria ser trágico. Além disso, estreou nos cinemas comerciais, sem propósito de prêmios, apenas como cinema de entretenimento, e, felizmente de representatividade.

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