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Brasília

Gravações, impeachment e 2018 – tudo a ver

Arquivo Geral

21/07/2016 7h15

Atualizada 20/07/2016 20h55

O que têm a ver as gravações feitas pela dirigente sindical Marli Rodrigues com as eleições de 2018? Aparentemente, nada. Mas na verdade, tudo. Não que a sindicalista, mais preocupada em impedir que as organizações sociais entrem no sistema de saúde pública de Brasília, tenha tido essa motivação ao gravar conversas que teve com autoridades. Mas em política, tudo se aproveita.
É uma alegria para qualquer oposição ter gravações de um vice-governador, um secretário e um subsecretário admitindo corrupção e com referências desairosas a pessoas muito próximas do governador. Cria-se um clima de suspeita no ar, ainda mais quando se sabe que há mais fitas, por enquanto mantidas em sigilo.
Fica melhor ainda para a oposição quando se vê que Rodrigo Rollemberg foi informado sobre a ilegalidade e nada aconteceu. É o ambiente ideal para se desgastar um governador que provavelmente tentará a reeleição. Ou, quem sabe, até mesmo afastá-lo logo do cargo para facilitar as coisas em 2018.
Já se viu que impeachment não é bicho de sete cabeças.

Sem apoio da população é difícil
Mas também não se aprova o impedimento de um governador sem mais nem menos, por simples vontade de uma maioria parlamentar de dois terços. É preciso criar as circunstâncias políticas que permitam o ato extremo de afastar um governante legitimamente eleito.
Isso significa, sobretudo, ter apoio da maioria da população, ou pelo menos de uma parcela expressiva, para decretar o impeachment. Para que isso aconteça, os motivos têm de ser muito claros – ainda que sejam pretextos – e o governo e o governante têm de estar muito desgastados.
Uma Câmara Legislativa hostil é, certamente, meio caminho para dificultar a governabilidade e assim provocar a rejeição popular ao governador. Mas só isso não basta.

O que vem depois não anima
Esse ambiente político e social que permita a decretação de um impeachment não existe hoje em Brasília. Embora o governo esteja muito mal avaliado e a imagem do governador seja negativa para a maioria da população, não surgiram fatos graves que mobilizem os brasilienses para pedir o afastamento de Rollemberg.

Ainda mais quando se vê que, saindo o governador, quem assume é o vice Renato Santana, que já dispensa apresentações e obedece às ordens do deputado Rogério Rosso — ligado ao ainda deputado Eduardo Cunha e outros envolvidos em casos de corrupção e delação premiada.

E se Santana também for afastado, assume a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, que governará por até 90 dias, prazo que tem para convocar a eleição do novo governador pela Câmara Legislativa.
Se chegar ao ponto de o brasiliense preferir ter Renato Santana, Celina Leão ou alguém eleito pela Câmara no lugar de Rollemberg, é que a situação não tem mais jeito mesmo.

Se não tira, pelo menos desgasta
A viabilidade do impeachment sonhado por alguns parlamentares, ex-parlamentares e sindicalistas depende, assim, de haver mais substância nas acusações de corrupção ao governo. Não para um julgamento criminal, mas para um julgamento político com toda a sua subjetividade. Sobretudo, porém, para arregimentar apoio na população.
Como na política nada é linear, a oposição busca no aceno ao impeachment também a possibilidade de aumentar o desgaste do governador e inviabilizar sua reeleição. Mesmo que não aconteça o afastamento, haverá o prejuízo à imagem.
E é sempre bom lembrar que, segundo a Lei Orgânica do Distrito Federal, a abertura de processo por crime de responsabilidade pode ser pedida por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato.

Não é bom facilitar
Independentemente das inúmeras variáveis da atual situação, o governador Rollemberg e sua equipe não deveriam minimizar os riscos que corre o governo. Os eleitores não julgam com a racionalidade dos juízes que exigem provas consistentes, e deputados julgam politicamente e de acordo com seus interesses.

E passaram em um concurso público
O Sindicato dos Metroviários respondeu aos comentários deste colunista acerca da greve que patrocina há mais de um mês. A “nota de repúdio” ao que este “pseudojornalista” escreveu pode ser lida no sítio http:sindmetrodf.or.br/noticias.
Mas vale a advertência: o nível da linguagem é baixo e os autores não têm muito conhecimento da língua portuguesa. É interessante, porém, verificar como é frágil, superficial e confusa a argumentação dos signatários.
Tomara que o sindicato não reflita o nível dos funcionários do metrô.

Deve ter sido esquecimento
Diversas entidades participam do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social reinstalado há poucos dias pelo governador Rodrigo Rollemberg. A ideia é de que o conselho pense e discuta o desenvolvimento econômico de Brasília.
Esqueceram, porém, de convidar o Conselho Regional de Economia, o que não faz sentido.
A não ser que haja algum motivo obscuro.

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