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Brasília

Eleições

Arquivo Geral

29/09/2016 7h00

Atualizada 28/09/2016 11h10

Calma. Não vou pedir voto para nenhum candidato a prefeito ou vereador. Mesmo porque, infelizmente, na minha Cidade Maravilhosa o quadro é triste, muito triste. Vou, no entanto, falar um pouco de eleição em clubes de futebol. No caso específico desta coluna, no Fluminense Football Club. E por que falar do tricolor carioca? Simples. A torcida do Fluminense em Brasília em imensa e, sem falsa modéstia ou desejo de aparecer, a publicação da coluna no portal do jornal abre as informações para o mundo. Para finalizar a justificativa do tema, devo dizer que os jogos de ontem à noite pela Copa do Brasil e Sul-Americana impediriam algo mais quente e, também, eleição é sempre eleição.

E o que me motivou a escrever sobre a eleição do Fluminense? Na noite de segunda-feira fui ao lançamento da candidatura de Celso Barros. Para quem não liga o nome a sua importância no futebol, lembro que Celso Barros era o presidente da empresa de planos de saúde que patrocinou, por 15 anos, o Fluminense. Chegou às Laranjeiras quando o tricolor estava na terceira divisão nacional e saiu, quase escorraçado pela atual diretoria, depois de ajudar na conquista de três títulos nacionais (Copa do Brasil de 2007, Brasileiros de 2010 e 2012), sempre com pesados investimentos para a formação de bons times – alguns incorretos, devo frisar, mas como reclamar de um patrocinador que traz Conca, Fred, Romário e Deco, para citar apenas estes?

Pois bem… No atual cenário da eleição tricolor surgem cinco candidatos. Ou potenciais candidatos. A situação, ou o grupo que dá amparo ao atual presidente, tem o seu. A oposição está dividida – o que sempre é motivo de alegria para a situação, que tem seu nicho assegurado e vê os rivais se esfacelando. Voltando ao médico Celso Barros… Com a presença de diversos presidentes de torcidas organizadas, ele anunciou sua candidatura num evento simples. Promete festa para outubro, quando pretende oficializar seu desejo, já aí apresentando sua chapa. E é neste ponto que começam os problemas e meu interesse em discutir o que é uma eleição num clube de futebol.

Pelo estatuto do Fluminense, cada concorrente deve apresentar uma relação com 200 nomes para compor seu Conselho Deliberativo (houve um tempo, no Fluminense, em que o Conselho Deliberativo era quem elegia o presidente administrativo). Detalhe: o nome que constar de uma chapa não pode constar de outra, ou seja, se forem confirmadas as cinco chapas, teremos, apenas como candidatos, mil pessoas. Um número bastante elevado, convenhamos. E esta será, também, a primeira eleição que o sócio-futebol, ou sócio-torcedor, terá direito a voto. Isso torna o pleito completamente imprevisível. Se a “bola estiver entrando”, como dizem os marqueteiros políticos (sim, nos clubes de futebol também temos esses profissionais), dificilmente a situação perderá.

Para mexer com esse novo grupo de eleitores, Celso Barros contou, na apresentação de sua candidatura, com a presença do centroavante Washington, o Coração Valente, de tão boas recordações para a torcida tricolor. Vereador no Sul, Washington fez um discurso emocionado e emocionante. Mexeu com a galera que estava presente, teve seu nome gritado com o mesmo refrão dos tempos de jogador e foi confirmado como futuro colaborador do clube, em caso de eleição de Celso Barros – que, subliminarmente afirmou que não está com todo aquele gás financeiro dos tempos em que presidia a empresa de planos de saúde e criticou o INSS pela burocracia e baixo pagamento das aposentadorias. Isso entre outras divertidas histórias que os boleiros gostam de ouvir.

Após a apresentação pública, Celso Barros reuniu-se com os jornalistas presentes numa sala reservada, dois andares acima do auditório. Este colunista para lá se dirigiu. Coube-me abrir a série de perguntas com o questionamento sobre a quantidade de possíveis candidatos e com quem ele, Celso Barros, não admitiria coligar-se e com quem se vê em sintonia, numa eventual redução do número de postulantes ao cargo de presidente do Fluminense. Incisivo, Celso Barros vetou, de pronto, o ex-vice de futebol, com quem demonstrou não ter a menor afinidade. Mais adiante, respondendo a pergunta de outro colega, fez questão de dizer que irá rever o contrato que o escritório de advocacia do ex-vice mantém com o Fluminense – educadamente disse que fará o mesmo com todos os contratos.

Também foi este colunista, após ouvir que o candidato irá se esforçar para trazer um patrocinador (“parceiro”, como fez questão de dizer) forte, quem perguntou se ele, presidente do clube, aceitaria um “parceiro” com a ingerência que ele teve quando foi “parceiro”. Foi a única vez em que, visivelmente, o candidato se mostrou desconfortável. Pediu o testemunho de dois de seus, ou melhor, de dois ex-vices dos seus tempos de patrocinador para dizer que jamais se intrometera – mas acabou contando uma história de um jogador que cansou de pedir para ter uma chance (não disse quem). Quando, mais uma vez, eu perguntei sobre uma possível mudança de estatuto por conta da exigência de tantos nomes para compor o Conselho Deliberativo (150 membros titulares, 50 reservas), Celso Barros disse que sim, apoiaria uma reforma estatutária para “modernizar o Fluminense”. De quebra, falou que Abel Braga é um nome que cogita para comandar o tricolor.

E, para mostrar que eleição é eleição, seja para prefeito ou clube de futebol, na noite de terça-feira foi a vez de a situação apresentar seu candidato. Marcada para 19h, a apresentação de Pedro Abad só começou 1h45 mais tarde – diziam que se esperava a presença do atual presidente, Peter Siemsen. Coincidência ou não, após a chegada do dirigente (e de ele percorrer o salão cumprimentando os convidados, não este colunista), o evento começou. O candidato falou por uns 15 minutos, mais ou menos. E, tal e qual na política, havia um clima de “seita” no ar. O nome do candidato e do atual presidente eram falados com mais intensidade do que o tradicional “Nense”. Quando o presidente começou a falar, foram cerca de 45 minutos – e, cereja do bolo, houve a apresentação (e promessa, lembra alguma coisa?) do futuro estádio do Fluminense. Sem lugar definido, sem projeto, mas a promessa. Os presentes vibravam. Resta saber por que, há seis anos no poder, só agora, às vésperas de uma eleição que promete ser muito disputada, veio à tona o tal projeto. Dá para pensar, não é mesmo?

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