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Sem Firula

É campeão!

Arquivo Geral

28/11/2016 8h56

Em 1994 o Brasil tinha perdido Ayrton Senna. Mas ganhara, finalmente, o tetra, numa final decidida nos pênaltis diante da Itália, nos Estados Unidos. Tínhamos uma nova moeda, o real, que valia mais do que o dólar e anunciava um Brasil forte. Tom Jobim também nos deixara e nossa seleção feminina de basquete faturara seu primeiro título mundial, na Austrália. Foi neste cenário que o Palmeiras, patrocinado pela Parmalat, sagrou-se campeão brasileiro. Passaram-se 22 anos. Isso mesmo: 22 anos depois, afinal, o Verdão pode voltar a cantar que é campeão brasileiro. Com uma rodada de antecipação.

Acredito que nem o mais esperançoso torcedor do Santos achava que seu time conseguiria virar o jogo. Com seis pontos de desvantagem, o Peixe não dependia apenas de si. Tinha de ganhar seus dois jogos e torcer para que o Porco perdesse. Uma vez, quem sabe. Mas duas? Não, não dava mesmo para considerar a possibilidade de o Palmeiras deixar escapar a chance de ser campeão nacional.

E tudo ficou ainda mais fácil quando, logo no início do jogo no Maracanã, o Flamengo ficou em vantagem diante do Santos. Com a Allianz Arena lotada, o Palmeiras poderia até perder, que dirá empatar. Mesmo assim o time queria fazer a festa diante de seus torcedores. E fez. Fim do jogo chegando, a PM começou a cercar o gramado enquanto, nas arquibancadas, a galera chorava com o fim do jejum. Jovens que nunca tinham visto seu time ser campeão não escondiam a emoção. Cuca, que merece muito, não escondia a tensão e a alegria com a conquista. No Maracanã, o Flamengo fazia o segundo gol – Diego, ex-santista. Pronto. Estava encerrado o Brasileiro.

A Chapecoense ainda atacava. Mas, mesmo se empatasse, não estragaria a festa. Festa que estava na arquibancada e passava ao gramado. Fernando Prass, que há tempos não atuava por contusão (perdeu a chance de ser medalha de ouro olímpico, inclusive), foi chamado para entrar em campo. Os companheiros foram abraçar Jaílson, que não sabe se continuará ou não no Palmeiras em 2017. Ambos foram ovacionados pela galera. E a festa prosseguia. Os 22 anos (ou melhor, 21 anos e 11 meses) estavam enfim ignorados. Palmeiras campeão, em casa, diante de sua torcida – e com direito a taça… A CBF, pelo menos nesta, acertou.

Agonia contínua

No sábado o Sport ganhou um ponto. Isso mesmo. Apesar de apenas ter empatado com o América Mineiro, o time pernambucano somou um ponto importantíssimo na sua luta contra o rebaixamento. Ponto que ajudou a assombrar ainda mais o Internacional, que ontem receberia o Cruzeiro, no Beira Rio – vejam que ironia… nos anos 70 esta partida decidia o Brasileiro… Mas o ponto do Sport fez aumentar sua distância para o Colorado para cinco pontos. Para não ser rebaixado hoje, em caso de triunfo do Vitória sobre o Coritiba, o Internacional precisava vencer a Raposa para trazer o Sport para junto de sua agonia.

E num Beira Rio com um público menor do que o esperado, o Internacional exibia todo o seu nervosismo. A bola, apesar da chuva, parecia queimar os pés dos jogadores da equipe gaúcha. A quantidade de passos errados era demonstração deste fato. E o Cruzeiro, que nada tinha a perder, chegou a dominar a partida com autoridade. Com quase 15 do segundo tempo o ídolo Valdívia foi chamado para entrar na batalha. O Internacional passaria a ser todo, todo, todo, ataque. Defesa? Só a vitória interessava.

Aos 30, vindo pela direita, driblando três adversários, caindo para o meio e protestando porque ninguém abria, Valdívia marcou. Um golaço. Um gol que mantinha pulsante o coração colorado – pulsante como o enlouquecido treinador Lisca, que comemorou o gol de Valdívia socando o ar, pulando, como se estivesse ganhando uma Copa do Mundo. Hoje é torcer contra o Vitória para, na última partida, jogar a vida contra o Fluminense no Maracanã. E sem a incômoda presença de um drone que sobrevoou o estádio com uma enorme letra B pendurada.

Sentimento puro

Uma equipe que leva mais de 50 mil pessoas ao estádio mesmo numa temporada irregular, e na segunda divisão, é um gigante. E se este gigante se chama Vasco, então… No sábado o Vasco fez seus torcedores sofrerem, chorarem, cantarem de emoção, protestarem, lavarem a alma. Tudo porque, em luta contra o Náutico para garantir uma vaga para a Série A em 2017, o time de São Januário saiu atrás. Para sua sorte, o Oeste, que precisava ganhar para não cair para a Série C, derrotava o Náutico nos Aflitos. Mesmo assim, subir com a desgraça dos outros… E a galera protestava.

Só que o Vasco é um gigante. Gigante que foi para cima do Ceará e conseguiu virar o placar. Nos Aflitos, o Oeste ainda marcaria um segundo gol e acabaria de vez com qualquer esperança do Timbu. Melhor para o Bahia, que derrotado pelo Atlético Goianiense, poderia acabar envolvido na confusão e perder sua vaga. No fim das contas, o Vasco terminou em terceiro lugar, cabendo ao tricolor baiano a quarta vaga para a elite nacional em 2017. E a galera vascaína protestava. Mesclava a alegria com a volta à Série A com a indignação pela forma como seu gigante é dirigido.

A vaga foi conquistada. Os rivais provocam, afirmando que a vaga na Série B em 2018 já está garantida. Nada disso importa, neste momento. O gigantesco Vasco mexe com a emoção dos seus torcedores. Continua a ser um dos maiores do futebol brasileiro, independente de quem o dirija, independente da série em que está. Mas que a galera não merece todo este sofrimento, não merece, não.

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