Gritos, troca de acusações e de insultos — e muito, muito barulho. A sessão de votação do Instituto Hospital de Base, ontem, na Câmara Legislativa, foi cansativa e marcada pelas articulações do governo, que cuidou, durante todo o tempo, de manter quórum e os 13 votos favoráveis à proposta. Apesar da demora na tramitação do polêmico texto, esta foi a vitória mais fácil do Palácio do Buriti na Câmara Legislativa até agora. E mostrou que o governador Rodrigo Rollemberg está, enfim, amparado na Casa. Os deputados enfrentaram uma plateia barulhenta e insistente, mas os fiéis mantiveram o compromisso com o Executivo.
Seção II bombando
Enquanto a discussão ocorria, o governo tratou de publicar uma edição suplementar do Diário Oficial do DF, com várias nomeações. Raimundo Ribeiro (PPS) pediu a palavra para assinalar o fato e insinuar que, ali, estava a resposta do Palácio do Buriti à fidelidade dos deputados.
Cuidado X Assédio
Robério Negreiros (PSDB) foi assediado por sindicalistas e foi seguido também pelos articuladores do governo o tempo todo no Plenário. O voto dele, que foi tido como dúvida, já estava na lista do governo como garantido. E assim foi.
Troca de farpas
Liliane Roriz (PTB) questionou os petistas Wasny de Roure e Chico Vigilante, logo após calorosos discursos contrários ao projeto mais polêmico do ano: Onde estava a prioridade do governo passado (Agnelo Queiroz – PT), que não investiu na saúde assim como no Mané Garrincha? Parte da galeria, em resposta, começou a gritar: “Terceira Ponte, Terceira Ponte, Terceira Ponte” – em referência à Ponte JK, construída no governo do pai dela, Joaquim Roriz.
Em coro
Os favoráveis ao projeto que ocuparam parte da galeria tumultuaram – e muito – a sessão. Além de insultar deputados, com gritos, eles anteciparam os votos dos 13 escudeiros de Rollemberg, em coro, com sonoros “não” e “sim”.
As famigeradas cabras
A tentativa de humanizar a rotina do governador Rodrigo Rollemberg e deixá-lo próximo da população tem tomado ares de exagero. No fim de semana, ele postou imagens nas redes sociais em que aparece afagando e alimentando cabras. “Sempre que posso, aproveito para alimentar as cabras, coisa que eu fazia quando criança. Quando vim para Brasília, meu pai me mandou uma de presente. Veio lá de Sergipe de trem”, escreveu na legenda. Mas é claro que o governador tem sido zoado em tudo que é canto. O que se sabe sobre redes sociais é que cada movimento de político deve ser milimetricamente calculado.
Transparência na gestão
O ex-chefe de gabinete de Rollemberg, Rômulo Neves, aproveita ainda a fama de ex-BBB para aparições públicas em livrarias, escolas e universidades. Hoje, ele palestra sobre Transparência na Gestão Pública, pelo projeto Quartas Políticas, do Colégio Marista, às 19h. No convite do evento, Neves é apresentado como diplomata, professor, poeta, jornalista e triatleta.
Discurso “virulento”
O PT-DF marcou posição contrária e ferrenha à criação do Instituto Hospital de Base e cita “série de ilegalidades” no processo de discussão da proposta. Em nota divulgada ontem, o partido critica o discurso “virulento” feito pelo governador Rodrigo Rollemberg, na semana passada, em que faz ataques a sindicatos de servidores. Para a sigla, foi “absurdo” o chefe do Executivo dizer que líderes sindicais “estão impedindo o governo de melhorar a saúde” e que ele vai “enfrentar os sindicatos”.
Bode expiatório
Para o partido, que é originalmente de oposição, culpar os sindicatos e dirigentes sindicais pelo drama vivido pela população do DF na área da saúde é uma “tentativa cínica” de construir um bode expiatório, “quando o grande responsável por esta triste realidade são as escolhas políticas e de gestão equivocadas do próprio governador”.
Marli 2018
Ainda na votação do Instituto Hospital de Base, quando parte dos que ocupavam a galeria gritou “Fora, Marli”, um dos que estavam com a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues, devolveu, do Plenário: “Vai gravando esse nome aí para votar no ano que vem.”
Licença médica
Ferrenho crítico da proposta que transforma o Hospital de Base em instituto, o deputado Reginaldo Veras (PDT) bem que tentou ir à Câmara Legislativa, ontem, reiterar que não concorda com o governo. Mas não conseguiu. Ele, que se recupera de uma cirurgia no tendão, tinha planos de contrariar ordens médicas, mas sentiu fortes dores e não conseguiu sair de casa.
Lá vem o prefeito
O prefeito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), será recebido com pompa e circunstância em Brasília, na semana que vem. Apesar de uma gestão de menos de seis meses, ele vem à capital debater “as melhores e inovadoras práticas na gestão pública de cidades”, em almoço promovido pelo Fórum Empresarial de Administração Pública, no dia 28 de junho, no Royal Tulip.