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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Porta aberta para o segundo turno

Arquivo Geral

21/09/2018 7h00

Atualizada 20/09/2018 23h36

A pesquisa Datafolha de ontem colocou Ibaneis (MDB, foto) na terceira posição das intenções de voto, com 13%, tecnicamente empatado com Fraga (14%), Rollemberg (12%) e Rosso (11%). Mesmo considerando que ele teve 9% no levantamento do Ibope, divulgado há três dias, a ascensão supera qualquer prognóstico de duas semanas atrás, quando o ex-presidente da OAB-DF não superava os 3%.

Camisa pesa

Ibaneis tem dito exatamente o que o eleitorado indeciso ou que optava pelo voto útil quer ouvir. Diz que vai combater a “velha política”. Concorrentes como Alexandre Guerra (Novo) e general Paulo Chagas (PRP) tentaram emplacar o mesmíssimo discurso, mas nas pesquisas não ultrapassaram os 5%. A influência que Ibaneis já tinha no meio político ajuda a explicar sua superioridade de momento sobre os outros dois, mas o elevador do candidato foi o partido que ele escolheu, o MDB. E isso não é exaltação à legenda, só puro exercício estatístico. Nenhuma sigla elegeu mais candidatos do que o MDB em Brasília. Foram 53 quadros eleitos diretamente ou que assumiram no meio da legislatura como suplentes desde 1990. O PRP disputa eleições pelo mesmo tempo e até hoje só elegeu um só nos últimos 28 anos.

Estrutura forte

O trunfo de Ibaneis é que ele se vende como renovação, por nunca ter tido mandato, embora faça parte de uma das estruturas partidárias mais antigas do País – o partido foi refundado como PMDB em 1981.

Orgulhoso

O presidente regional do partido, Tadeu Filippelli, está muito satisfeito com o desempenho de Ibaneis e coloca como “completa precipitação” os prognósticos iniciais de que a candidatura de seu aliado jamais decolaria. “Sempre apresentamos candidatos majoritários com desempenho expressivo na política do DF”, relembra, em alusão, principalmente, aos dois mandatos de Joaquim Roriz pelo partido como governador, em 1998 e 2002, e um como senador, em 2006. Para o cargo que Filippelli pleiteia em 2018, de deputado federal, o MDB sempre elege pelo menos um nome desde 1998 – ele mesmo venceu três eleições seguidas entre 1998 e 2006 – e agora o cacique emedebista espera retornar à Câmara depois de montar uma chapa proporcional muito favorável com MDB, PP, PSL e Avante. Ele ressuscitou gente como Olair Francisco (PP) e Edimar Pirineus (MDB) para a coligação e conta com o bom desempenho de Celina Leão (PP).

Não é nóis, Queiroz

Na publicidade eleitoral que tem veiculado nas televisões e rádios nas últimas semanas, Filippelli tem feito questão de se associar à figura do ex-governador Joaquim Roriz, com quem trabalhou há mais de uma década, mas não menciona nem de maneira velada seu período de quatro anos como vice-governador de Agnelo Queiroz (PT). Para efeitos de campanha, Nelson Tadeu é o ex-deputado federal e ex-secretário de Obras de Roriz, jamais o ex-vice de Agnelo. A rejeição do governo do petista alcançou quase 70% no fim do mandato, então quanto mais pessoas acharem que a presença de Filippelli naquela gestão foi um devaneio coletivo, melhor para as intenções eleitorais dele este ano.

Quem vai rir por último?

À época da cisão do grupo de Jofran Frejat (PR), que deu origem às chapas hoje encabeçadas por Alberto Fraga (DEM) e por Ibaneis (MDB), Fraga desdenhou da solidez do outro grupo. Ele sempre se colocou como preferência para ficar com o espólio de Frejat por entender que “tinha 150 mil votos”, em referência a seu resultado nas urnas como candidato a deputado federal em 2014. O postulante ao Buriti pelo DEM ainda afirmou que a composição tutelada por Filippelli para os cargos proporcionais prejudicava gente como Celina Leão – e tentou usar isso como argumento para convencer o PP a se juntar a ele. Ao saber da colocação do ex-aliado, Filippelli soltou uma gargalhada. “Esse Fraga não aprende a fazer política?”, debochou. Faltam 16 dias para as eleições e muito pouco para saber se o riso do presidente do MDB-DF foi o último ou não.

Desilusão comprovada

É discurso batido que são tempos de desilusão com a política. Inclusive tem muito candidato tentando se vender como novidade com base nisso. A pesquisa Datafolha sobre a disputa pelo Governo de Brasília, divulgada ontem, mostra que brancos e nulos somam 14%, maior percentual da história recente do DF —portanto, esse sentimento encontra respaldo estatístico.

Era ruim e piorou

Em 2006, nulos e brancos representaram 7,61% dos votos totais no primeiro e único turno do pleito daquele ano, vencido por José Roberto Arruda. Em 2010, após Arruda ter sido preso na Operação Caixa de Pandora e Roriz ter sido impedido de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa, o percentual foi para 9,89% no primeiro turno. No segundo turno, que coroou Agnelo (PT) sobre Weslian Roriz (então no PSC), chegou a 10,49% o percentual de gente que preferiu anular ou deixar em branco o voto. Em 2014, quando Arruda foi impedido de concorrer, brancos e nulos somaram 8,52% no primeiro turno, enquanto no segundo, com a vitória de Rollemberg (PSB) sobre Frejat (PR), disparou para 11,76%. Isso mostra a progressão da desilusão e a provável acuidade das pesquisas nesse aspecto.

Falta muita gente

As abstenções, que são as pessoas que não comparecem para votar por motivos diversos, como falecimento ou mudança de cidade não notificada, permaneceram estáveis. De 13,99% do total do eleitorado em 2006, baixou para 12,64% no segundo turno de 2014. Em 2010, porém, no segundo turno entre Agnelo e Weslian, as abstenções atingiram incríveis 19,31% do total de votantes cadastrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no DF, o equivalente a 354,1 mil votos naquele ano! Teria dado para mudar a história da disputa por qualquer cargo naquele ano. Com a progressão da desilusão, é um número a se observar para este pleito.

Ainda tem jogo

Na disputa pelo Senado, Leila do Vôlei (PSB) continua despontando na liderança, conforme o Datafolha, mas com a estagnação de Cristovam Buarque (PPS), com 23%, e a aparente perda de fôlego de Izalci Lucas (PSDB), que ficou com 18%, Chico Leite (Rede), com 16% e portanto tecnicamente empatado com o tucano, voltou a sonhar. Ainda resta tempo e muito voto indeciso – 30% para as duas vagas – para ser disputado. O jogo está aberto.

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