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Do Alto da Torre
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Arquivo Geral

07/08/2018 7h00

Atualizada 06/08/2018 21h56

O PDT sacrificou seu capital político para garantir palanque para Ciro Gomes. A campanha do presidenciável é a prioridade máxima da legenda e, na manhã de ontem, o presidente nacional Carlos Lupi e o próprio Ciro estiveram em Brasília para garantir que o diretório regional não fechasse com Eliana Pedrosa (Pros). Assim, mesmo sob o risco de rachar o partido internamente, a decisão foi de se aliar a Rodrigo Rollemberg. “Ele já vinha nos dando apoio há muito tempo e isso nos fez querer estar com ele”, justificou Ciro. A reação dos membros locais foi de insatisfação.

Três pedaços

O deputado distrital e candidato à reeleição Reginaldo Veras afirmou que vai fazer sua campanha independentemente do comando do PDT. Segundo ele, internamente havia um grupo que queria se unir a Eliana Pedrosa, por influência de Fábio Barcelos, outro que queria retornar para a base de Rollemberg, pensando em Ciro, e ainda uma corrente, da qual ele faz parte, que queria manter a pré-candidatura de Peniel Pacheco. “Não estaríamos nessa pendenga. Ainda que com uma candidatura com pouca possibilidade, iríamos ao debate com nossa bandeira e nossas ideias, mas agora estamos no banco do carona e sem ar condicionado”, criticou.

Chuva de Verão

O pacato Peniel Pacheco sempre deixou claro que não era sua ambição pessoal ser governador, mas apenas a resposta ao convite do PDT-DF. Por isso mesmo, ele se irritou com a articulação da Executiva Nacional, apoiada pelo presidente regional Georges Michel, para implodir a candidatura sem sua anuência. “Meu pai me ensinou que quando se faz compromisso, é preciso honrá-lo, porque mexe na agenda e na vida de outras pessoas. Num primeiro momento, poderiam muito bem ter conversado com as pessoas do partido e recombinado (sua candidatura). Eles foram na calada da noite se reunir com deputados do partido para discutir apoios de um lado e de outro. Aí você se sente como se não existisse e como se o compromisso fosse de araque”, chateou-se, citando a votação da última sexta que decidiu por cancelar sua disputa ao Buriti e às reuniões de pedetistas com Eliana Pedrosa antes de ele ter sido descartado.

Cronologia da queda

No ano passado, o nome do PDT para tentar o Buriti era Joe Valle, mas como Peniel Pacheco define, “por algum motivo só dele, Joe acabou não querendo”. Atualmente, o presidente da Câmara Legislativa sequer é candidato à reeleição na Casa, depois de alegar questões pessoais para a desistência. Assim, o partido se viu obrigado a compor uma coligação em vez de encabeçar uma e esbarrou nas muitas vertentes que afloraram internamente. Se a união com Rollemberg desagradava a todos os pedetistas com mandato no DF, era uma imposição do Diretório Nacional. Joe tentou vender seu peixe para o conservador Jofran Frejat (PR), mas o movimento não vingou e não agradou a boa parte da sigla. O deputado saiu de cena e o partido ficou refém dos acordos nacionais. “Era para ter saído uma decisão dia 8, depois dia 20 e por fim dia 25, mas só foi sacramentada na convenção deste dia 5. Nesse intervalo, surgiu a necessidade de candidatura própria, porque o partido estava ficando sem representatividade”, explica Peniel. Daí surgiu seu nome como cabeça de chapa. Em menos de um mês, ele foi cada vez mais escanteado até ser descartado por completo.

De volta às origens

Com a confirmação da chapa própria tanto para os cargos majoritários quanto proporcionais do DF, o PT regressou a 1990, última vez em que o partido havia lançado apenas nomes da sigla de cabo a rabo. Naquele ano, Chico Vigilante, que tenta a reeleição para distrital desta vez, e Maria Laura Pinheiro foram eleitos deputados federais. Outros cinco petistas integraram a Câmara Legislativa.

Quase foi

Tivesse mantido a candidatura de Peniel Pacheco, o PDT teria protagonizado roteiro semelhante. Em 1990, o partido lançou chapa própria para tentar o governo com Maurício Corrêa e Marcelo Tavares. Porém a chapa não era pura e, curiosamente, contava com PSB. A história é quase cíclica.

Você na TV

Em conversa com a coluna, enquanto pegava voo de volta para São Paulo, Ciro Gomes desdenhou da força que o Centrão pode trazer para seu concorrente Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo ele, do tempo total de inserções na TV, o tucano conseguirá aproveitar cinco minutos, por ter de dividir espaço com os demais aliados. Segundo Ciro, 22 dos 45 dias de campanha programados serão dedicados por ele a entrevistas e outros tipos de exposição e divulgação dos seus projetos.

Velhos amigos

Ciro ainda considerou que o PT está atrapalhando as candidaturas progressistas por apostar demais em Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de opinião mesmo estando preso. Para o presidenciável do PDT, a rejeição de Lula pode se reverter contra o partido, como pode acontecer com Bolsonaro. Ele fez os comentários à luz do acordo Nacional entre PT e PSB de neutralidade, o que inviabilizou a aliança pedetistas com o PSB, e à luz da ida de Manuela D’Ávila (PCdoB) para a chapa petista, que recentemente também agregou o Pros.

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