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Coluna do Aquiles

Viva Luiz Eça!

Arquivo Geral

30/08/2017 17h42

Não é a primeira vez que Luiz Eça tem o seu trabalho reverenciado. Hoje, o seu legado composicional é revisitado, e o responsável pela proeza é o pianista Diogo Monzo. Para isso, Monzo valeu-se da sua pesquisa de mestrado, que tinha Luiz Eça como tema, e canalizou toda a sua força pianística, erudita e popular em nove músicas do mestre – além da sua virtuosa “Eçaniando”, gravada apenas com ele ao piano.

Para o tributo, manteve a tradicional formação de piano (ele mesmo), contrabaixo acústico (Sidiel Vieira) e bateria (Di Stéffano). O CD Luiz Eça por Diogo Monzo (Fina Flor) começa com “Mestre Bimba”, de Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito, os três integrantes do saudoso Tamba Trio.

Bateria e contrabaixo elétrico (Bruno Rejan) seguram a levada; o baixo cria um desenho com poucas notas, repetindo-o. E vem o piano de Diogo Monzo trazendo consigo a melodia. O baixo segue firme no desenho. A bateria vai leve no improviso, com poucas idas aos pratos. O contrabaixo também sola, e, com a bateria, segue na levada. Eles entregam o tema ao piano…

(Luizinho Eça parece gostar do que ouve. Meneios afirmativos da cabeça dão a dica… duro de crer, né? Olha só, não tenho prova, tenho convicção.)

Em “Alegria de Viver” (Luiz Eça) o trio começa com um desenho melódico que parece quebrar o tempo forte do tema. Monzo toca nas notas graves do piano; logo após o rápido introito, vem o tema – um samba com o qual o trio demonstra versatilidade. O coro come. Mas o protagonismo segue com o piano. A bateria improvisa com boa pegada…

(Luizinho Eça sorri. Vejo brilho em seus olhos. Lá vem ele quase correndo… não quer perder o som.)

“Quase Um Adeus” (Luiz Eça) tem introdução a cargo do acordeom de Lulinha Alencar. O som promete. E cumpre. Lindamente. Piano e acordeom se juntam. A bateria vai nos pratos. E, enquanto os quatro tocam, o samba lento flui. O improviso de Monzo é lírico, perfeito para o tema. E assim vão…

(Luizinho tem o olhar perdido… quem sabe lembrando o Leblon?)

“The Dolphin” (Luiz Eça) inicia com o piano. Irrequieto, num improviso pleno de graça, ele segue até que a bateria e o baixo acústico venham. Logo o samba mostra seu molejo. O contrabaixo improvisa. A batera trisca os pratos. O piano se manifesta com alguns acordes…

(Olho e vejo Luizinho aplaudir. Sinto-me feliz.)

Num álbum instrumental, “Imagem” (Luiz Eça e Aloysio de Oliveira) traz o canto de Leila Pinheiro. Após a introdução do trio, ela surge afinada, poderosa. A letra de Aloysio tem seu porto seguro na melodia de Luizinho. Enquanto amparam-na, os três instrumentistas se esbaldam.

(Ouço Luizinho pedir bis… será?)

Diogo Monzo, além de excelente pianista, destaca-se por sua disposição de reverenciar Luiz Eça – espelho para muitos músicos, que o veem como um dos nossos mais importantes pianistas. Viva Luiz Eça!

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
PS. Descanse em paz Das Neves. Que perda, meu Deus! Meus sentimentos à família e
aos amigos do grande baterista e compositor. Xô, agosto!

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