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Coluna D

Os dois lados da moeda

Arquivo Geral

02/07/2017 0h16

Atualizada 15/07/2017 21h59

Diana Leiko

Aos 59 anos, Santos Dumont se suicidou. Ficou depressivo ao ver o avião ser transformado em  máquina de guerra. Recentemente, a mesma invenção do criador brasileiro ajudou a combater os incêndios que devastaram Portugal. Apenas um exemplo, entre tantos, de como uma mesma ferramenta pode ter dois usos: para o mal e para o bem. Assim são as redes sociais.

Para o mal

Esta semana li a declaração do presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Ele criticou o crescente antissemitismo na Alemanha e em toda a Europa e acusou as mídias sociais de permitirem a propagação de discurso de ódio.

Fonte: Koha Jone

Fonte: Koha Jone

“Infelizmente, na Alemanha – assim como em outros países europeus – observa-se novamente um crescente ressentimento antissemita”, disse Steinmeier, citando um relatório apresentado ao gabinete do governo federal e ao Parlamento alemão. “As mídias sociais muitas vezes impulsionam a propagação de mensagens de ódio e provocações antissemitas. Ataques a pessoas devido a suas crenças equivalem a ataques à sociedade como um todo”, insistiu.

Isso foi no dia 28 de junho, quarta-feira. Ontem, 30 de junho, o Bundestag (Parlamento alemão) aprovou uma lei que determina medidas rígidas contra redes sociais para combater a propagação do discurso de ódio e as chamadas “fake news” (notícias falsas) divulgadas por usuários nas plataformas.

A legislação – conhecida como “Lei do Facebook” – prevê, entre outros pontos, que as redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube devem remover conteúdos que explicitamente ferem a lei alemã no prazo de 24 horas após uma denúncia. Para qualquer outro conteúdo ofensivo foi estabelecido um prazo de sete dias. Em caso de violações sistemáticas, as empresas enfrentam penalidades de até 50 milhões de euros. Um importante passo para estabelecer os limites entre liberdade de expressão e discurso de ódio.

Para o bem

Felizmente, existem casos com um bom desfecho em que as redes sociais tiveram papel fundamental no resultado. Um exemplo? Ontem fui surpreendida com uma mensagem que chegou no meu e-mail e, em seguida, no WhatsApp. A Paróquia São Paulo Apóstolo, do Guará I, teve boa parte da comida que seria usada no preparo dos pratos da festa junina, que começou ontem, 30 de junho, estragada.

whatsapp-image-2017-06-30-at-11-30-29Uma pessoa com problemas mentais derrubou toda a carne no chão na madrugada de quinta para sexta-feira, destruiu refrigerador, causou uma série de danos que somaram um prejuízo de R$ 30 mil. Isso a menos de 24h da primeira noite de festejo. Rapidamente, a notícia se espalhou e a população se mobilizou. Conseguiram reunir mais dinheiro do que haviam arrecadado antes do incidente. Aliada à empatia por parte das pessoas que ajudaram, as redes sociais tiveram seu papel nesse final feliz.

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Assim aconteceu com a Ong Salve a Si, que trabalha na recuperação de dependentes químicos em uma fazenda de reabilitação no entorno de Brasília e distribui sopa à noite em conhecidos locais de consumo de crack, como o Setor Comercial Sul e os arredores da Rodoviária do Plano Piloto. A situação financeira crítica da instituição estava prestes a obrigar seu dirigente a vender o caminhão que leva comida aos assistidos. Rapidamente, a mensagem se espalhou pelo WhatsApp e outros canais sociais. O resultado? Conseguiram arrecadar quase R$ 4 mil reais em um curto intervalo de tempo. A despensa foi abastecida, garantindo a sopa por mais um tempo. O caminhão não precisou ser vendido. Pelo menos por enquanto.

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Termino esse texto emocionada. Trabalhando com política há oito meses, há dias em que me bate uma profunda descrença em nossa espécie devido aos comentários que leio na página do parlamentar para o qual faço a gestão dos canais proprietários. Mas penso que, assim como o avião, as redes sociais não são vilãs. Nós é que somos. O problema não está na ferramenta, mas no uso que damos a elas.

Quando a utilizamos para o bem, salvamos vidas, diminuímos a aflição de pessoas, trabalhamos a favor da sociedade e da comunidade mundial. Se a usamos para o mal, apenas destruímos sonhos, esperanças, aumentamos o ódio em um mundo que precisa de tanto amor. E não ganhamos, perdemos. A construção de um mundo melhor depende de nós.

P.S.: Se você se interessou em ajudar a ONG Salve a Si, pode fazer suas doações em dinheiro.

Banco do Brasil

Agência: 2887-8

Conta corrente: 14875-X

Caixa Econômica

Agência: 2893

Operação: 003

Conta: 00002033-4

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