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Sem Firula

Até quando?

Arquivo Geral

09/02/2017 8h28

Envolvido em reuniões de trabalho, somente consegui me liberar e ir para casa já na madrugada de ontem – estou falando da terça-feira. Assim que cheguei, como de hábito, liguei a televisão para fuçar os resultados da pré-pré Libertadores. Três jogos de volta tinham sido realizados (pensava eu), definindo os classificados. Qual não foi minha surpresa, porém, ao conseguir acompanhar os últimos minutos do jogo entre El Nacional, do Equador, e Atlético Tucuman, da Argentina. A festa que se seguiu à classificação argentina era intensa. Eu, porém, naquele instante não conseguia entender o que acontecera.

Mordendo um sanduíche, ainda acompanhando a transmissão e com o computador ligado, fiquei sabendo que o time argentino quase não conseguiu chegar para a partida. A razão? Atraso no vôo. Dito assim parece coisa banal, que acontece todos os dias, não é mesmo? Mais ou menos. Ainda escaldado com o acidente que dizimou o time da Chapecoense, em novembro do ano passado, fui buscar outras informações. Descobri, então, que os argentinos tentaram evitar os efeitos da altitude voando “em cima da hora” para Quito. Avião fretado, tudo acertado e… Atraso no embarque.

Oficialmente, o Atlético Tucuman chegou dez minutos depois de o início programado para a partida. O El Nacional, claro, pressionava a arbitragem para decretar o WO e, com isso, conseguir a vaga (na partida de ida, empate de 2 a 2). Seguindo orientação, ao que se diz, da Conmebol, o árbitro esperou. O jogo (do qual vi apenas o finzinho e os melhores momentos) parece ter sido bom. E emocionante. Mesmo com todo o desgaste físico e psicológico o Atlético Tucuman fez 1 a 0 e se classificou. Irritação dos equatorianos, festa total argentina.

Questiono, porém, mais uma vez: até quando os clubes participantes da Libertadores ou qualquer outro torneio irão se sujeitar a este tipo de coisa? Viagem de avião é coisa muito séria. Lembro que o grande João Saldanha, que não gostava de andar “no mais pesado do que ar”, chegou a escrever certa vez que os donos de companhias de ônibus deveriam contra-atacar a um cartaz que se podia encontrar na Rio/São Paulo. Dizia o cartaz “se você tivesse ido de avião já estaria em São Paulo”. Saldanha, cruelmente irônico, afirmava que as empresas de ônibus deveriam colocar outro cartaz, a seguir, dizendo: “Se o ônibus enguiçar a companhia manda outro, se o avião cair…”

Para finalizar a história, ou melhor, para acrescentar alguns ingredientes a uma quase lambança que acabou ganhando contornos de epopéia: o Atlético Tucuman jogou com a camisa da seleção da Argentina (que disputa o Sul-Americano sub-20 no Equador) por não ter despachado seu uniforme; seu ônibus, após o desembarque tardio em Quito, varou a cidade a toda velocidade com o embaixador argentino dentro; e a equipe entrou em campo sem sequer aquecer, sujeita, portanto, a sérios problemas físicos para os jogadores. Com tudo isso, o Atlético Tucuman foi lá e ganhou, superando todos os problemas citados, a pressão da galera (insatisfeita) e o tal “fantasma da altitude”. Mas a história do avião que não conseguiu em tempo hábil a liberação para o voo…

Regulamentos

Este novo regulamento da Copa do Brasil, que começou ontem, pode provocar muita emoção, é verdade, mas também pode (e, sinceramente acho que isso irá acontecer) causar muita dor de cabeça e decepção.

Pelo novo regulamento, nas duas primeiras fases teremos apenas jogo de ida. Só o “mata”, sem a volta. Em caso de empate, o visitante se classifica e ponto final. Até aí, tudo bem. Tudo bem, nada. Imaginem um “grande” sofrendo para ficar no 0 a 0 levando um gol aos 48 do segundo tempo e sendo eliminado, sem chance de reação?

O que deveria ser uma nova fonte de expectativa pode ser um tiro no pé. O “pequeno”, anfitrião, pode segurar-se no seu campo o tempo todo e, numa “bola vadia”, no finzinho da partida, marcar um gol, um golzinho apenas, e acabar com o sonho do “grande”. Entenderam porque acho que vai dar dor de cabeça?

Enquanto tiverem a certeza de que seus times passarão sem maiores problemas os cartolas ficarão calados. Bastará, porém, que um seja eliminado da forma como descrevi para que as críticas ao regulamento apareçam. Querem apostar?

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