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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

A inércia de R$ 565 milhões

Arquivo Geral

16/01/2017 7h00

Atualizada 15/01/2017 20h02

“Começamos este ano com R$ 565 milhões parados no Fundo de Saúde do Distrito Federal. Há uma necessidade de flexibilizar este dinheiro carimbado para que o governo possa gastar para comprar medicamentos, pagar terceirizados e combustível para as caldeiras dos hospitais”, comenta o deputado distrital Chico Vigilante (PT).

A flexibilização dos recursos depende de tratativas com o Ministério da Saúde, responsável pelo carimbo do dinheiro. “No DF, tudo indica que teremos aumento dos casos de dengue. O sistema está em completo caos. Não dá para ficar com dinheiro parado, quieto, enquanto as pessoas estão morrendo. Não podemos mais ficar respeitando a burocracia. Falta seringa e sobra dinheiro em caixa”, arremata o parlamentar.

Horizonte de dificuldades

O deputado considera que 2017 será um ano tempestuoso. Segundo o parlamentar, tudo indica que o GDF tentará fazer uma reforma da previdência local, seguindo os moldes propostos pelo Palácio do Planalto no plano nacional. “Vão querer aumentar a contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14% dos salários. Querem tirar mais 3% dos trabalhadores. Isso é inaceitável”, critica.

Contradição

Segundo Vigilante, a Câmara apresentou uma postura extremamente contraditória na última quinta-feira. Pregando que o DF vive uma profunda crise financeira, a Casa derrubou o aumento das passagens do transporte coletivo, defendido pelo governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Logo depois, a mesma Câmara derrubou um veto do Executivo para conseguir mais verba para o Legislativo. Chico apoiou a suspensão da alta das tarifas, mas deixou o plenário quando os deputados buscavam mais dinheiro para o Legislativo.

Olá?

Rodrigo Rollemberg sacou o próprio celular e disparou dezenas de ligações para os membros da base aliada na Câmara Legislativa. O governador tentou fazer uma reunião com os aliados para evitar a derrubada do aumento das passagens de ônibus e do metrô no plenário da Casa. Não foi atendido e nem ouvido. A alta das tarifas caiu com votos do parlamentares da oposição, independentes e governistas.

Rollemberg também não ouviu

Na véspera da queda do aumento, aliados de primeira hora do governo também ligaram para Rollemberg. “Governador, o senhor vai perder no plenário. Suspende o aumento e procure outro caminho. Terá o nosso apoio. Se for do jeito que está, o senhor vai perder de novo plenário”, teria dito um personagem que veste a camisa do Buriti nos dias ensolarados e chuvosos. O governador não ouviu.

Caneta vingadora

Além do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), os deputados Israel Batista (PV), Sandra Faraj (SD) e Julio Cesar (PRB) deverão perder espaço dentro do governo. Diretamente ou em função dos respectivos partidos, os parlamentares têm influência e cargos em grandes áreas do governo. Mesmo assim, apoiaram a derrubada do aumento das passagens. A caneta vingadora poderá vir em voo solo, em suaves prestações ou na nova reforma administrativa do governo.

Barba, cabelo e bigode

Tão logo a alta das tarifas do transporte coletivo foi barrada pela Câmara, os membros do Bloco Trabalho e Sustentabilidade e da oposição começaram a celebrar. Afinal, derrotaram o governo duas vezes: na eleição da nova Mesa Diretora da Casa e no embate pelo valor das passagens. Agora, planejam uma terceira vitória. “Nas eleições das comissões, vamos fazer barba, cabelo e bigode”, previu um parlamentar do grupo.

Confiante

O diretório regional do PMDB não tem dúvidas. O pedido judicial de suspensão da alta das passagens será acatado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Para o partido, a peça está bem fundamentada. Além disso, existe um precedente muito recente em São Paulo, onde a Justiça suspendeu a tentativa de reajuste das tarifas locais.

Em alta

A Comissão de Assuntos Fundiários (CAF) tornou-se uma das cadeiras mais desejadas da Câmara. Com a chegada potencial da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico (PPCUB), a CAF será uma das principais comissões da Casa. Por tabela, a Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo (CDESCTMAT) também ganhará força e importância estratégica em função das duas matérias.

Fidelidade estampada no peito

Administrador regional de Planaltina, Vicente Salgueiro faz questão de evidenciar, nas aparições públicas, de quem é afilhado político. Não só as camisetas que ele costuma usar, mas alguns banners de eventos oficiais da administração trazem o nome do deputado distrital Agaciel Maia (PR). A página do órgão no Facebook também divulga o parlamentar e as ações dele no exercício do mandato.

Propaganda antecipada?

O deputado distrital Ricardo Vale (PT) chegou em cima da hora da votação que derrubou o aumento das passagens de ônibus e metrô, na semana passada. Mas a assessoria dele cuidou de espalhar em algumas regiões administrativas do DF propagandas em que o deputado manifestava opinião contrária ao aumento. Os cavaletes, instalados em canteiros, estampam foto do parlamentar do PT. O curioso é que faltam pelo menos 18 meses para a campanha começar.

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